Foto: Reprodução/Rede Globo

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Por Rafael Felice e Victor Correia/Correio Brasiliense

Candidato do PDT ao Palácio do Planalto, o ex-governador Ciro Gomes criticou o que chamou de “polarização odienta” entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), líderes das pesquisas de intenção de voto para outubro, e voltou a equiparar os governos dos dois rivais.

“Estou tentando mostrar ao povo brasileiro que essa polarização odienta, que não ajudei a construir, pelo contrário, eu estava lá em 2018, tentando advertir que as pessoas não podiam usar a promessa enganosa do Bolsonaro para repudiar a corrupção generalizada e o colapso econômico gravíssimo que foram produzidos pelo PT. Agora, está tentando reproduzir uma espécie de 2018”, afirmou Ciro, ontem, na sabatina do Jornal Nacional.

Na entrevista, o presidenciável se referiu a Bolsonaro como “genocida” e usou frases como “roubalheira do Lula e do PT”, mas em tom mais ameno e com menos frequência do que costuma fazer. Entretanto, afirmou que a corrupção é “feita por pessoas” e que é preciso apontá-las.

“Pretendo unir o Brasil ao redor de um projeto e tenho o diagnóstico que o país vive a mais grave crise, no que diz respeito à fome e ao emprego. Trinta e três milhões de pessoas estão com fome e 120 milhões não fizeram as três refeições hoje. Determinados grupos políticos são responsáveis por essa tragédia”, enfatizou. “Acho, francamente, que a maior ameaça à democracia é o fracasso dela na vida do povo, mas vou me esforçar para unir e reconciliar o Brasil.”

O ex-governador prometeu, se eleito, alterar o modelo político do Brasil com a adoção de plebiscitos programáticos para definir os projetos de suma importância para o país. Na avaliação de Ciro Gomes, a medida será um mecanismo eficaz para driblar o fisiologismo do Centrão no Congresso. Ele frisou que, desde a redemocratização, todos os presidentes precisaram se aliar ao grupo político, o que acabou resultando em corrupção e ineficiência.

“É o que se convencionou chamar de presidencialismo de coalizão ou essa adesão vexaminosa e corrupta ao Centrão. Eu quero propor as ideias, e não o ‘deixa que eu chuto’, que tem sido a característica do populismo dos dois lados, de esquerda e direita”, destacou.

Ciro também acusou o PT de reproduzir modelos de gestão “abomináveis” como os da Venezuela e da Nicarágua. “Acho o regime da Venezuela abominável, então é muito clara a minha distinção com esse populismo sul-americano que, infelizmente, o PT replica aqui”, disse. “(O plebiscito) É uma tentativa de libertar o Brasil de uma crise que corrompeu organicamente a Presidência da República. (…) Nós chegamos ao limite da emenda de relator, que é um negócio que formalizou…. Eu vi ontem (segunda-feira) o cidadão (Bolsonaro) aqui falando que não tem corrupção. A corrupção no Brasil está se institucionalizando tal é o despudor”, acrescentou.

Assistência social

Um dos pontos principais do projeto de governo de Ciro é o auxílio permanente de R$ 1 mil para famílias em situação de vulnerabilidade. Perguntado sobre os meios para tirar o programa do papel, o presidencial afirmou que vai unir outros benefícios sociais e criará um imposto incidente sobre fortunas superiores a R$ 20 milhões. O projeto receberia o nome do vereador Eduardo Suplicy (PT), autor da ideia.
“Só 58 mil brasileiros têm um patrimônio superior a R$ 20 milhões, o que quer dizer o seguinte: cada super-rico no Brasil vai ajudar a financiar, com R$ 0,50 apenas de cada R$ 100 de sua fortuna a sobrevivência digna de 821 brasileiros abaixo da linha da pobreza. Aqueles domicílios que as pessoas ganham aproximadamente R$ 417 por cabeça por mês”, explicou.

O candidato disse que reunirá todos os programas de transferência de renda, especialmente o novo Bolsa Família, que é o Auxílio Brasil, e transformará num direito previdenciário constitucional. “Ninguém mais vai depender de político A ou político B, como está acontecendo. Ameaças e tentativas de manipular o sofrimento mais humilhado do nosso povo”, criticou.

Reeleição

O postulante ao Planalto também comentou a respeito de ser contra a reeleição. Sustentou que o mecanismo foi o que destruiu o modelo de governança política que ele quer alterar. “O presidente fica com medo dos conflitos, porque quer agradar todo mundo para fazer a reeleição. O presidente se vende a esses grupos picaretas da política brasileira — desculpe a expressão —, de pouco escrúpulo republicano, porque tem medo de CPI (comissão parlamentar de inquérito) e porque quer se reeleger”, disse Ciro Gomes.

“A minha diferença é que o Bolsonaro, por exemplo, denunciou isso, e fez o oposto do que denunciou. A minha diferença é que o PT fez o tempo inteiro a denúncia da corrupção dos outros e depois negociou exatamente nas mesmas bases. Eu estou anunciando humildemente que quem quer que o povo eleja, é com eles que eu vou negociar”, prometeu.

Outros temas abordados durante a entrevista foram as propostas para o meio ambiente, emergência climática, segurança pública e educação.

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