Médicos e amigos dos seus pacientes
Projeto da ONG Caminho do Bem leva atendimento humanizado aos moradores da comunidade da Areinha, na Zona Sul do Recife, todos os sábados
O tratamento médico dispensado a Eliude Batista, 37 anos, e ao filho dela, de três anos, tem amor. Também tem toque na pele, olho no olho, aconselhamento para a vida. Eliude mora em Areinha, comunidade da Zona Sul do Recife. Há dois anos, precisava levar o filho a um ortopedista por conta da diferença observada no tamanho dos braços da criança, mas sem sucesso. O posto de saúde do Pina é o mais próximo da casa dela, mas lá quase não há especialistas disponíveis. Eliude encontrou conforto para as dúvidas sobre o tratamento do filho na ONG Caminho do Bem, formada principalmente por médicos voluntários. A consulta gratuita aconteceu na própria comunidade, onde o serviço é ofertado todos os sábados, na Rua José Rodrigues.
Tem cardiologista, mastologista, clínico, ortopedista, pediatra… A novidade é que o Caminho do Bem também vai ofertar encaminhamento para dois consultórios de odontologia. Porque antes eles somente tinham condições de ofertar a aplicação do flúor. O amor doado nas consultas pode durar até 40 minutos. Mais do que o tempo de consulta nos consultórios privados e públicos.
Mas o tempo passa rápido, garantem os pacientes. Porque enquanto homens, mulheres e crianças esperam, os voluntários ofertam palestras sobre drogas, educação infantil, mercado de trabalho e doenças.
“Antes da chegada do projeto, o povo daqui andava de cabeça baixa. Mas o Caminho do Bem trouxe autoestima para a gente. Os moradores agora pensam: eu existo, estou aqui”, reflete Josiane Luz, 56, que foi consultada por um mastologista. “Eles atendem a população de Areinha como seres humanos. Não volto mais para o posto”, avisa Eliude.
O projeto formalizou-se como ONG há um ano. Há cinco, no entanto, promove caravanas no interior do estado para promover a humanização no atendimento de saúde. O serviço acontece a cada dois meses. “Não ofertamos somente atendimento médico. Fazemos medicina voltada para o ser humano de forma integral. Não adianta sermos só mais um médico distante deles”, explica a dermatologista Sílvia Cavalcanti.
A saúde, afirmam os médicos, é apenas um aspecto do atendimento. “A carência afetiva é grande e o baixo nível de informação dos adultos também. Tem gente fora do mercado do trabalho, por exemplo, que teria direito a benefícios, então faço questão de orientar sobre esses direitos”, completa o médico ortopedista Carlos Cunha.
Nas caravanas, a equipe de voluntários atende uma média de 400 a 450 pacientes. Também são distribuídos alimentos, medicações e itens de higiene. Nos sábados, no Pina, são ofertadas nove especialidades, sendo uma média de três especialidades por final de semana. Cerca de 100 pessoas são atendidas por mês. Os números são gigantes quando se pensa em uma população sem acesso à saúde pública de qualidade. Quando se pensa no quanto de amor pode existir na relação médico paciente.
Antes da chegada do projeto, o povo daqui andava de cabeça baixa. O Caminho do Bem trouxe autoestima para a gente. Os moradores agora pensam: eu existo, estou aqui.
Maravilhosa materia,muito grata Marcionila pela divulgação de nossa causa, bjs
A iniciativa do projeto é muito boa e realmente tem ajudado alguns moradores de forma significante, mas n concordo quando a dermatologista diz que ‘as drogas’ é uma realidade da comunidade, pq n é. Moro aqui há 25 anos e tenho autonomia para dizer que a localidade além de não estar imersa nas drogas, é um lugar tranquilo de se morar e ótimo para a implantação de qualquer projeto, pois os moradores são muito prestativos e acolhedores.
Hj a humanização no atendimento ao público em geral está tão difícil que precisamos tornar a humanização numa ONG pra ter? Sendo a Ética uma forma humanizada de tratar nossos semelhantes, onde está a Ética ? Parabéns pelo trabalho desenvolvido por vcs.
Bom dia, procurando na Internet ONG que faz trabalho voluntário achei caminho do bem, gostei muito da história e do belíssimo trabalho que desenvolve. Trabalho como agente indígena de saúde, moro na aldeia casa nova etnia pankara, município de carnaubeira da penha -Pernambuco.