Na vibração do som, surdos aprendem música
Instituto Inclusivo Sons do Silêncio foi um dos projetos aprovados para ser incubado no Porto Social
Existe um apartamento, no Centro do Recife, onde a música é remédio. No nono andar, na Avenida Guararapes, as notas emitidas por instrumentos de sopro e teclado ajudam a cicatrizar feridas abertas pela exclusão. Alexsson de Lima, 22, é surdo e aprende a tocar trombone.Wilson Teixeira, 24, é cego e sonha em tirar notas perfeitas do saxofone. Naquele espaço esquecido pelos locatários há cinco anos, a música tem o papel de integrar. Tocar um instrumento desafia a incredulidade alheia. Ressignifica a própria vida.
O Instituto Inclusivo Sons do Silêncio nasceu com foco no ensino da música com instrumentos de sopro para surdos. Hoje, abre as portas para qualquer pessoa com deficiência. O músico e pedagogo Carlos Alberto Alves, 47, conta que um dia sentiu-se desafiado por um teórico. Foi durante a confecção do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de pedagogia. “Surdos não aprendem música porque não escutam”, dizia o texto de tal autor. “Por isso resolvi dar aulas de instrumentos de sopro para surdos. As poucas escolas que atendem a esse público praticamente só oferecem percussão”, lembra. A sensibilização para trabalhar com pessoas com deficiência também surgiu quando Carlos atuou com a emissão da carteira de Passe Livre, na Prefeitura do Recife. “Percebia a dificuldade dos surdos em se comunicarem”, conta.
Carlos buscou um curso de libras para abrir mais oportunidades de conversação. Certa vez, viu seu professor de libras, um homem surdo, chorar ao ouvir uma música tirada por ele de um velho saxfone. O mestre contou ter se emocionado com a vibração do instrumento. Naquela resposta estava mais um estímulo para Carlos. Em agosto do ano passado, começou a ministrar aulas de música para pessoas surdas. Conta com instrumentos de sopro e um teclado. Logo vieram outros alunos com necessidades especiais. Hoje são doze estudantes.
Carlos e sua turma têm parte do que precisam. O apartamento, por exemplo, foi emprestado por uma professora sensível à causa. Mas necessitam de mais instrumentos musicais. Hoje ele trabalha com o próprio material, em número limitado. O professor desenvolveu o método Casa inclusiva. Simultaneamente, ensina a teoria musical e a prática do instrumento. O aluno aprende as posições das notas, como pegar no instrumento, colocar a mão nas chaves correspondentes à nota desejada e, ao mesmo tempo, identifica na escrita musical, a mesma nota. Assim, ele decodifica visualmente a nota correspondente à vibração esperada. Como cada nota tem sua vibração sonora específica, ele consegue ler o que está escrito e, na passagem de uma nota para outra, consegue perceber a diferença entre as vibrações.
Com gestos, Alexsson explica que aprender a tocar um instrumento é uma prova de que o surdo é capaz de qualquer coisa. Wilson reforça a fala do colega. “A gente enfrenta preconceito nas escolas. Muitas vezes ouvimos que eles não têm profissionais capacitados para atender a gente”, critica. As aulas são gratuitas e acontecem três vezes por semana (3ª, 5ª e 6ª – das 14h às 18h) no Edifício Almares. Carlos ensina um aluno a tocar um instrumento em seis meses. Em um ano, os 50 projetos aprovados pelo Porto Social receberão mentoria em gestão, planejamento, elaboração de projetos e comunicação.
Resolvi dar aulas de instrumentos de sopro para surdos porque as poucas escolas que atendem a esse público praticamente só oferecem a percussão.
O surdo é capaz de ouvir qualquer vibração de música?
Adorei o seu trabalho, tenho assistido aos videos e lido artigos a respeito. já sou músico há 20 anos, sou bacharel em trompete e licenciado em música, estou terminando uma especialização em Atendimento Educacional Especializado. Temos um projeto voluntário na igreja junto com outros amigos onde ministramos aula de música há quase 10 anos para a comunidade e, neste ano, estou começando um projeto experimental de educação especial para várias especialidades, vou começar com violão, flauta doce e percussão, já tem um aluno com baixa visão que toca bateria, já é veterano no nosso projeto. Seu projeto me incentivou muito a começar este que vamos iniciar, gostaria muito de dicaSr de material pra trabalhar o ensino de sopros para aluno com surdez. Desde já lhe agradeço e, parabéns mais uma vez pelo brilhante trabalho, que possa se multiplicar!
Na década de 80 o prof. Sergio Cappi formou uma banda de surdos em Brasília que, inclusive, se apresentou para o papa João Paulo II
Gostaria que minha sobrinha surda Natália fizesse essa aula. Ela mora em Recife. É professora de Libras e tem uma filha que quer muito aprender música.
Bom dia, fiquei muito feliz em ler sua história e em perceber que existem pessoas preocupadas com esse tipo de deficiência. Estou planejando o meu TCC e o título será sobre “Sons, os malefícios e os benefícios que ele pode causar ao ser humano” e se não for incomodar, quero incluir esse lindo trabalho que você faz aí na escola, sou do Rio de Janeiro e estudo no CBM-Conservatório Brasileiro de Música, estou nos sexto período num total de 7 e estou adiantando minha monografia, então se não for incomodar demais quero poder conversar mais com você sobra essa escola que muito me chamou atenção. Fica com Deus e que ele continue te capacitando mais e mais para essa longa jornada. O meu contato é (021)98567-0848 Watsapp
Sou de sp gostaria de trocar algumas experiencias no ensino dw musica para surdos…aqui em sp u faço um trabalho com surdos e cegos vc poderia me add no watssap 011958837579
Gostei da matéria.Pena não dispor de maiores detalhes como a data de publicação,por exemplo, para que possa ser citado em trabalho cientifico.
Parabéns por seu trabalho! 😍
Eu como musicista nunca pensei nesse caminho e achei maravilhoso. Acho tao gratificante ensinar aos meus alunos, imagina poder ensinar a surdos. Parabéns!
Que bárbaro Carlos!
Tenho um filho surdo já adulto, independente, mas lembro bem quando recebi o laudo da audiometria indicando surdez severa
Eu chorava muito porque meu filho não iria ouvir o canto dos passarinhos!
Hoje acho graça disso quando lembro pois os desafios foram tantos !
E deu tão certo
Ele é super gente boa
Admiro muito os surdos que se esforçaram e se colocaram na sociedade e defendem seus direitos com bons exemplos
Que maravilha, Carlos! Por favor, não desista. Como eu gostaria que tivesse um projeto desse em todos os estados. Assim eu aqui de Belém do Pará poderia aproveitá-lo e apreciar o aprendizado de um instrumento, mesmo sendo surda.
Bom dia!
Seu trabalho é maravilhoso, e vejo que gratificante também.
eu gostaria de fazer algo por aqui pela minha cidade,
você poderia me fornecer referencias bibliográficas para eu me basear. agradeço desde já. bjks
Amei sua iniciativa, gostaria de saber mas sobre.como faço ?
Ola Carlos , tudo bem com você? Parabens pelo lindo trabalho, estou encantada. Sou de Santa Catarina, tereaputa de cura quantica/ energética e faz algum tempo tem mpairado em minha mente a avalanche de sentimentos,emoções, traumas que assombram a mente e alma de pessoas surdas/mudas. Tenho me questionado muito sobre como a psicologia, psiquiatria trata isso e aos poucos estou iniciando minhas pesquisas. Tão logo eu me pergunto como eu poderia mergulhar neste mundo, entao decidi que vou aprender libras para poder usar minhas terapias na cura das emoções e traumas para este grupo. Pq estou aqui? Porque gostaria de uma dica sua sobre como eu poderia usar a vibracao da musica no momento em que faco a terapia? que tipo de aparelho eu poderia utilizar para conseguir a melhor conecção? Espero tão logo estar pronta pra iniciar meus trabalhos, pois se este universo está me chamando, é pra lá que eu vou!
Que coisa linda!!!!Só quem é de Deus tem esta visão de inclusão sem colocar limites.Parabéns!que este projeto voe alto!
Boa noite Carlos Alberto Alves, me chamo Douglas sou músico formado em contrabaixo elétrico pela EMESP, hoje tive um start de como o surdo ouve música, e fui procurar assuntos referente a isso, encontrei esse teu vídeo muito linda a abordagem e esclarecimento, quero teu contato para conversarmos sobre esse assunto, sou de São Paulo e preciso de informações sobre esse trabalho.
Forte abraço e aguardo contato.
SP 11-93078-2599 e 11 99851-2257 Douglas.
Parabéns pela iniciativa. Sou professora de Química e Ciências, trabalho numa escola publica de Ensino Fundamental e o texto dessa reportagem foi inserido no livro didático de Ciências ao abordar o conteúdo sobre o Som e como sempre gostei de trabalhar com atividades diferenciadas e que levem o aluno a reflexão e desenvolver novas atitudes, solicitei um trabalho de aula para que eles pudessem interpretar em Libras a música Amigo Estou aqui do filme Toy Story.. amaram a ideia e agora estão trabalhando nesse trabalho em grupo, pois é uma atitude louvável se colocar no lugar do outro, demonstrar empatia principalmente quanto aos alunos surdos..eles irão entregar o trabalho agora dia 29/-7 que é dia do Amigo. Mais uma vez parabéns pela iniciativa e sucesso! Nosso país precisa da força e entusiamo de pessoas assim como você. A Educação é o caminho!