Para entender evangélicos e neopentecostais
O evangelicalismo é um movimento resultante da revolta protestante iniciada por Lutero em 1517 na Alemanha, quando é contestada a forma como a igreja católica profecia a fé cristã. Além de críticas à organização do catolicismo romano, Lutero defendia uma livre interpretação da bíblia, que na época só podia ser lida pelos padres católicos. O princípio de “Sola Scriptura” dizia respeito tanto ao desligamento da fé a símbolos católicos, como os santos e o papa, quanto à democratização do estudo da bíblia, que deveria poder ser lida e interpretada por todos que assim quisessem. A partir daí serão criadas inúmeras denominações que, baseando-se no texto bíblico, vão organizar suas doutrinas de forma independente do Vaticano.
A partir do cisma de Lutero com a igreja católica, única igreja existente no Ocidente até então, vão surgir várias denominações cristãs. Precedidas pelo luteranismo, cada denominação evangélica vai compreender uma doutrina, sendo a bíblia o único ponto de encontro entre elas. Desta forma, o movimento protestante se subdivide em movimentos evangélicos independentes entre si, dos quais surgirão as denominações.
O sociólogo inglês David Martin define três grandes fases do protestantismo: a puritana, a metodista e a pentecostal. Hoje em dia, o IBGE divide as igrejas evangélicas brasileiras em dois grandes grupos:
1. Igrejas Evangélicas de Missão – Esse grupo engloba as denominações que se estruturaram a partir do movimento evangélico histórico, que seriam, segundo a definição de Martin, das fases puritana e metodista. São igrejas com foco no missionarismo e vinculadas ao protestantismo clássico. As principais igrejas evangélicas de missão no Brasil são as batistas, as adventistas, as luteranas, as presbiterianas e as metodistas.
2. Igrejas Evangélicas de Origem Pentecostal – O pentecostalismo é um movimento que se inicia entre o fim do século XIX e o começo do século XX, no sul dos EUA, com foco no ascetismo, no sectarismo e nos dons concedidos pelo Espírito Santo. Com grande foco no proselitismo, o movimento passa por três fases: a clássica (onde surgem as Assembleias de Deus, maior denominação evangélica do Brasil, com mais de 12 milhões de fieis), o Deuteropentecostalismo ou Segunda Onda (onde surge a Igreja do Evangelho Quadrangular, além de várias igrejas “reformadas”) e o Neopentecostalismo (ênfase na teologia da prosperidade, abrandamento do ascetismo e gestão empresarial das igrejas). As igrejas de origem pentecostal são atualmente o maior grupo evangélico brasileiro, congregando mais de 25 milhões de pessoas. Suas principais denominações são:
Pentecostalismo clássico: Assembléia de Deus; Congregação Cristã do Brasil
Deuteropentecostalismo: Igreja do Evangelho Quadrangular; Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil; Convenção Batista Nacional
Neopentecostalismo: Igreja Universal do Reino de Deus; Comunidade Sara Nossa Terra