22 de novembro de 2024
Foto: Evaristo Sá/AFP

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Por Vinicius Doria/Correio Braziliense

“A bola está com o MDB.” A declaração — dada ao Correio, ontem — é do presidente do PSDB, Bruno Araújo, ao ser perguntado sobre a definição do acordo entre os dois partidos para formação da terceira via em torno da candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República.

Nas cúpulas partidárias, a tríplice aliança (incluindo o Cidadania, federado ao PSDB) está acertada. Mas, arranjos regionais e pressões de alas minoritárias das duas legendas estão adiando o casamento das siglas mais poderosas do autodenominado centro democrático. A pressão, agora, é para que a coligação seja anunciada na quinta-feira, quando a Comissão Executiva do PSDB se reúne, em Brasília, para fechar questão.
Os tucanos esperam que, até lá, o MDB resolva o impasse em torno da montagem do palanque da terceira via no Rio Grande do Sul. O partido ainda resiste em apoiar a volta do ex-governador Eduardo Leite (PSDB) ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, por causa de uma ala que defende a candidatura própria. Se esse arranjo regional, que envolve também o PSD da ex-senadora Ana Amélia (RS), não se concretizar, a aliança nacional em torno da pré-candidatura de Simone Tebet tende ao fracasso.
Bruno Araújo está otimista e enumerou os passos dados até agora pelo potencial aliado para viabilizar a chapa unificada. Citou que a Executiva do MDB aprovou a coligação e acolheu o programa de governo tucano elaborado sob coordenação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia para a pré-candidatura de João Doria — que abdicou da disputa por falta de amparo no partido. A única pendência está no apoio do MDB à candidatura de Eduardo Leite ao governo do Rio Grande do Sul. “Torcemos pela formalização da aliança”, disse Araújo.

Futuro político 

Essa costura é decisiva porque determinará o futuro político de Leite, também cotado para assumir a candidatura tucana à Presidência caso o partido decida seguir em voo solo na disputa pelo Palácio do Planalto. Se Leite optar pela reconquista do mandato de governador — cargo ao qual se desincompatibilizou justamente para se lançar à campanha pela sucessão do presidente Jair Bolsonaro —, Tebet poderá liderar a terceira via com um candidato a vice indicado pelo PSDB. O favorito é o senador Tasso Jereissati (CE).
Na semana passada, Leite almoçou com Jereissati e com os deputados mineiros Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel. É no PSDB de Minas Gerais que está o principal foco de resistência ao acordo da terceira via. Após o encontro, o partido informou, em nota, que a reunião de quinta-feira é “para confirmar o apoio a Tebet ou o lançamento de candidatura própria à Presidência”.
Se o MDB aceitar a composição no Rio Grande do Sul, porém, a cúpula tucana não tem dúvida de que o PSDB marchará com Tebet. Uma expectativa compartilhada pelo presidente do MDB, Baleia Rossi (SP). “Nós vamos pedir diálogo para que possamos sentar à mesa, mas, claro, respeitando a gradeza do MDB no Rio Grande do Sul”, disse Rossi, na ocasião.
Enquanto o nó da terceira via não é desatado, Simone Tebet ficará “recolhida”, de acordo com um interlocutor da senadora. Ela reconhece a importância das conversas no Sul e não pretende amplificar a pressão sobre o MDB gaúcho. Mas seguirá, nos bastidores, trabalhando para que a terceira via possa se viabilizar.
O MDB teria que retirar a pré-candidatura do deputado estadual Gabriel Souza — que já está em campanha — ao governo gaúcho para integrar a chapa de Eduardo Leite. Souza e o presidente do MDB no estado, Fábio Branco, estão à frente dessa negociação.

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