Foto: Ricardo Stuckert/Flickr

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Victor Correia – Correio Braziliense

Na tentativa de atrair uma fatia maior do eleitorado evangélico — em grande parte fechado com Bolsonaro —, Lula participou, ontem, de um comício com pastores e lideranças do segmento em São Gonçalo (RJ). O município é o segundo maior colégio eleitoral do estado, atrás apenas da capital. Foi o primeiro grande encontro com religiosos desde o início da campanha eleitoral.

No discurso, Lula atacou Bolsonaro por usar a religião para ganhar votos. “Fui candidato cinco vezes. Nunca fui a uma igreja tentar utilizar um ato religioso para pegar voto, porque a hora que o cidadão vai à igreja, ele vai cuidar da sua fé, vai cuidar da sua espiritualidade. Ali, é o momento que ele está conversando com Deus e, ali, ele não quer que a gente se meta com política”, discursou.

“Se tem um brasileiro que não precisa provar que acredita em Deus, esse brasileiro sou eu. Eu não teria chegado aonde cheguei se não fosse a mão de Deus dirigindo meus passos e guiando os meus movimentos”, completou.

Ex-presidente reavalia comparação de atos do 7 de setembro com reunião da Ku Klux Klan

Após a repercussão negativa da comparação que fez entre o ato bolsonarista do 7 de Setembro no Rio de Janeiro e uma “reunião da Ku Klux Klan”, o candidato do PT ao Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse ter se referido a quem estava no palco com o presidente da República.

“O palanque aqui de Copacabana, pela fotografia que eu vi, e eu só vi na televisão, era supremacia branca no palanque. Até comparei que parecia um pouco a Ku Klux Klan. Só faltou o ‘capucho’, só faltou a máscara, porque era isso o palanque. É o palanque de uma elite, que tinha um cidadão vestido de Louro José, que era o artista principal da festa. Ele pulava, ele gritava, ele animava, ele aplaudia”, respondeu Lula, ao ser questionado por jornalistas durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro.

Durante comício em Nova Iguaçu, na quinta-feira, o petista comparou o empresário Luciano Hang com o personagem Louro José pelo seu terno verde e amarelo. No mesmo discurso, nivelou o ato bolsonarista em Copacabana ao movimento supremacista branco dos Estados Unidos. “(Bolsonaro) roubou o direito do povo brasileiro de comemorar o dia da Independência. Fez de uma festa do país, uma festa pessoal. O ato do Bolsonaro parecia uma reunião da Ku Klux Klan. Só faltou o capuz. Não tinha negro, pardo, pobre, trabalhador”, sustentou o ex-presidente na ocasião.

Ontem, Lula disse que apenas comparou. “Todo filme americano, eu vejo isso. Vejo muita coisa que aconteceu na guerra racial, e eu vi aquele palanque, fiquei assustado. Não tinha povo. Tinha uma elite muito violenta, no seu discurso, inclusive. A começar pelo presidente da República”, acrescentou.

O candidato também voltou a criticar Bolsonaro pelos atos no 7 de Setembro, dizendo que, quando era presidente, nunca pensou em usar a data para fins políticos. “Lamentavelmente, esse cidadão resolveu mudar a regra do jogo, usar a máquina pública, utilizar o poder de organização dos próprios militares para fazer isso na campanha. Não é possível, não é normal e não é democrático. Nós não estávamos habituados a ver isso no Brasil”, enfatizou.

A declaração de Lula sobre Ku Klux Klan provocou reação de Bolsonaro. A campanha do presidente apresentou uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o adversário por difamação.

“Da (isenta e racional) análise do vídeo, verifica-se — sem nenhum esforço intelectual — que o candidato Lula incorreu em gravíssimas ofensas à honra e à imagem do presidente da República, bem como imputou comportamento criminoso ao candidato da ora representante (crime de racismo, art. 140, §3º, CP, c/c art. 20 da Lei 7.716/89)”, ressalta um trecho da ação.

Em sua conta no Twitter, Bolsonaro postou um vídeo no qual manifestantes passam uma nota de R$ 5 de mão em mão até chegar a um ambulante, que retorna, então, uma garrafa de água até o comprador. Eles comemoram aos gritos de “aqui não tem ladrão”. “Parece que o ex-presidiário se sentiu excluído após esse vídeo. Em resposta, chamou o povo de ‘cuscuz clã’, talvez porque assistiu a milhões de brasileiros vestindo amarelo”, escreveu. No vídeo, é possível ver manifestantes negros na multidão.

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