Natália Monte e Renan Franza – Diario de Pernambuco
A candidata ao governo de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) fez uma visita ao Diario de Pernambuco nesta quarta-feira (28), acompanhada de Priscila Krause (Cidadania), sua postulante a Vice. Caso eleita, Raquel fala que não existe “bala de prata” quando se trata de resolver problemas. A tucana ressalta que a situação de Pernambuco é complexa e elenca como prioridade imediata, “combater a fome de quem tem fome”.
A ex-prefeita de Caruaru abordou temas como pesquisa eleitoral, onde aparece, segundo levantamento do Ipec divulgado ontem, como a única candidata que cresceu numericamente entre os que estão na corrida pelo Palácio das Princesas, com um ganho de quatro pontos percentuais. Sobre alianças em um eventual segundo turno, no entanto, a tucana desconversa e destaca que tudo permanece no campo da especulação, “Não dá para antecipar”. Sobre como pretende agir em eventual disputa com Marília Arraes, a tucana disparou: “meu plano é ir, somente ir. Se eu chegar lá (no segundo turno) é outra eleição”.
Raquel também respondeu sobre Saúde, Educação, Infraestrutura e água, pauta que vem reforçando em todos os seus discursos. O abastecimento de água está entre os assuntos mais reforçados pela candidata do PSDB, que, sobre o assunto, quando questionada pela reportagem do Diario de Pernambuco, afirmou, caso eleita, não ter intenção de privatizar a Compesa, mas trabalhar com concessões. Ainda sobre medidas, a candidata falou em redução de IPVA e de tributos.
A candidata também alfinetou, sem citar nomes, quem não acreditou na colocação de seu nome no início da campanha eleitoral. “Quando diziam para a gente: ‘Ah, porque você não tem estrutura’. Que tipo de estrutura eu não tenho? Eu vou ter o Teto. Nós temos o teto do fundo eleitoral. Tá posto, depositado na conta.”
Crescimento nas pesquisas
É o espelho do sentimento que a gente tem tido na rua. A gente vem andando há 15 meses, sem saber o que é final de semana. Vocês acompanharam tudo muito de perto. Na verdade é um sentimento de mudança muito forte. As pessoas conseguiram, a meu ver, começar a enxergar que nós podemos ser esse instrumento de mudança. Esse sentimento de votar, de eleger uma mulher governadora. Colocar duas mulheres no segundo turno, comigo e com Priscila representando o movimento novo. A gente tem sentido muito forte e é em Pernambuco todo: Em Petrolina, na minha cidade Caruaru, em Jaboatão dos Guararapes, em Recife, Paulista… a gente tem conseguido perceber nas ruas uma receptividade muito grande. Os olhares também de pesquisa mostram uma rejeição muito baixa da nossa candidatura. As pessoas nos recebem sempre de braços abertos. O que eu imagino é que agora esteja virando voto.
Alianças para um eventual segundo turno
É tudo exercício de futurologia. Na verdade, é muito mais sobre eles do que sobre mim. Mas uma coisa eu posso falar, independente de quem seja o presidente eu irei buscar o que for necessário para o nosso estado. A nossa aliança é com o povo. A gente vai continuar trabalhando que somos, de verdade, mudança. E fazer uma comparação, obviamente, que é esse que nós estamos fazendo aqui agora. O que é que Pernambuco quer? Pernambuco quer mudança. E que tipo de mudança? Com quem? Para aonde? Qual a trajetória? Quais as realizações? E é mudança de verdade? A gente tem falado sobre isso. Por exemplo, no próprio olhar, chamando Marília pro debate. É dizer: olha, é mudança mesmo? Com quem você tá? Quem é seu Vice? É Sebastião Oliveira, o outro, André (de Paula), foram secretários de Paulo (Câmara) até agora. Qual o compromisso de verdadeiramente fazer as transformações que o povo tá exigindo? e aí apresentar a nossa candidatura com Priscila. Esse exercício de comparação que a gente pôde fazer e de maneira mais restrita no primeiro turno, se confirmando nossa ida pro segundo, ela vai se aprofundar, e aí vem todo esse exercício. Mas, não dá pra antecipar. Que tipo de aliança, de aceno. Cada um na sua luta acreditando que pode chegar. A gente tá aqui baseado no entendimento de que todas as pesquisas nos colocam lá, e um sentimento muito forte que vem debaixo para cima quando muitos imaginavam que isso seria feito de cima pra baixo.
Nós temos o teto do fundo eleitoral. Tá posto, depositado na conta. De onde é que vem esse volume de campanha? Quando diziam pra gente: “Ah, porque você não tem estrutura”. Que tipo de estrutura que eu não tenho? Eu vou ter o Teto.
Primeiras medidas
Todo o nosso trabalho terá como estratégia principal combater a desigualdade em Pernambuco. E aí você tem várias frentes pra agir. Na área de saúde, de assistência, de educação, geração de emprego, no socorro às pessoas que tão com fome, superar a desigualdade. Essa é a nossa estratégia principal. E daí esses desdobramentos que vão acontecer.
Saúde
A gente precisa socorrer os grandes hospitais. A gente vai precisar reformá-los e garantir melhor condições de salubridade ali dentro pros profissionais e pros pacientes. Eu estive no hospital da restauração. Rato dentro do dormitório, teve um funcionário que contou que um dia, quando estava almoçando, caiu um gato do teto em cima dele, quando estourou um esgoto. Os acompanhantes estão dormindo no papelão e há briga por cadeira. Eu tenho ouvido relato de um amigo que estava lá, acompanhando uma pessoa, e ele ia com a cadeira dele ao banheiro porque não tinha cadeira pra todo mundo e ele não podia perder a cadeira. Então, dar dignidade a isso, não esperar reforma acontecer, porque a reforma vai acontecer. Então, chegar junto com a saúde, trabalhar uma força-tarefa pra fila de exames e cirurgias. Eu digo sempre que quem tem um mandato, tem direito a um curtíssimo, curto e médio prazo. O curtíssimo é força-tarefa, dar um choque ali, chegar. A gente chega, reforma, projeta os novos hospitais, cinco grandes maternidades, vamo melhorar a nossa rede. A saúde pública de Pernambuco precisa urgentemente ser olhada com prioridade. Descentralizar exames complexos, cirurgias, fazer mutirão de cirurgias pra zerar as filas de exame, com rede credenciada, contratando profissionais. Fazer essa roda girar, garantir o atendimento da população de maneira descentralizada.
Educação
Abrir 60 mil vagas de creche, trabalhar a educação profissionalizante aliada ao ensino médio pra que essa juventude que tá aí hoje, de cada dez jovens, quatro nem estudam e nem trabalham. Se a gente faz aliança do ensino médio ao técnico profissionalizante, a gente consegue garantir esse jovem já sair do ensino médio com possibilidade de entrar no mercado de trabalho, aliado a isso, a gente vai trabalhar também a rede de educação integral no ensino fundamental II. A gente tem uma ampla rede no ensino médio, a gente vai aliar isso ao técnico profissionalizante, com o Trilhatec, e a gente vai descer pro fundamental II, que é o grande gargalo da educação de Pernambuco e do Brasil, mas, de Pernambuco sobretudo, onde as crianças desistem de estudar. É lá, não é no ensino médio. Dá pra ampliar o Ganhe o Mundo, trabalhar ele com outras perspectivas também. A gente bolou um programa que está em nosso plano de governo para que os que voltam sejam utilizados pelo próprio poder público. Muitos estudantes que eu conheço, inclusive, foram lá no exterior, tiveram uma experiência incrível, mudaram sua forma de perceber o mundo, aprenderam um novo idioma, e chegam aqui e não tem um dia depois. Trabalhar a contratação desse profissionais. Eles voltam e ficam na realidade deles.
Infraestrutura
A gente tem um programa chamado Pernambuco no caminho certo, onde a gente vai trabalhar a requalificação da malha viária. Fazer a reestruturação da PE-15, a requalificação da BR-232, conclusão de obras inacabadas como a BR 104, fazer a PE-60, a gente tem estradas que são estruturadoras pra Pernambuco e estão totalmente largadas, abandonadas e sem permitir fluxo das pessoas normais, do direito de ir e vir. Fazer o arco metropolitano, duplicar a BR-232 primeiro até Arcoverde, depois até Serra Talhada, e aí você consegue ir unindo Pernambuco e garantir eixos de desenvolvimento que já são naturalmente pro estado e trabalhar pra que a gente possa garantir todas as conexões das cidades e conexão com outros estados.
Recursos Hídricos
Vamos trabalhar para Pernambuco sair do mapa de racionamento. Somos o estado com maior racionamento do Brasil, precisamos garantir água na torneira do povo, e isso precisa ser incansável. Existem várias maneiras de fazer isso de maneira emergencial, como por exemplo um programa com carros pipa, perfuração de poços, microssistemas, principalmente para quem está nas zonas rurais.
Privatização da Compesa
Privatizada não, ela (a Compesa), deverá ser reestruturada, e a gente vai trabalhar em um regime de concessão, que deve ser o caminho. Já existe uma modelagem do BNDES feita, que nunca foi apresentada, nem aos prefeitos e nem à população. Vamos verificar se ela é adequada ou não com o interesse público e fazer.
Geração de Emprego
A gente vai trabalhar a qualificação profissional, desde o Trilhatec, com o ensino médio-técnico profissionalizante, até a qualificação profissional de quem já saiu da escola, com reinserção no mercado de trabalho, de quem já está em seus quarenta, cinquenta anos. Também teremos o programa Bora Empreender, com acesso ao crédito desburocratizado. A Agência de Fomento em Pernambuco não funciona e não consegue entregar crédito. Além da melhoria no ambiente de negócios, reduzindo a tributação, garantindo a infraestrutura.
Só de colocarmos as que estão paradas para rodar, já conseguimos garantir uma grande frente de emprego.
Recursos públicos
Temos que combater o desperdício e evitar a corrupção, o desvio de dinheiro, o superfaturamento, e praticar o que estamos prometendo para a população. Dinheiro tem.
Todos com a Nota
O programa Todos com a Nota é um bom programa, que ajuda o futebol em Pernambuco. Ele pode ser utilizado para a captação de notas fiscais e, com isso, trocar por benefícios em diversas áreas.
Assistência Social
A assistência social precisa ser fortalecida. O governo de Pernambuco não faz assistência social. No ano passado, em Caruaru, gastamos cerca de R$19 milhões de reais para a pasta, recursos direcionados para abrigos, população em situação de rua, distribuição de cestas básicas e refeições. O estado saiu dessa questão e se isenta da responsabilidade. Deveria existir um regime de colaboração. Nós faremos esse regime.
Ações imediatas
Não existe bala de prata, a prioridade será combater a fome de quem tem fome, vamos trabalhar para auxiliar as mulheres que têm crianças de 0 a 6 anos (…) A gente também vai implementar o programa ‘Bom Prato’, que garantirá refeições a dois reais para quem é beneficiário do Auxílio Brasil, levando em consideração o mapa da fome de Pernambuco. Todas essas são ações que devem ser feitas em curtíssimo prazo, e serão.
Impostos
Pernambuco bate recordes de arrecadação mês a mês, mesmo com a recente redução do ICMS sobre combustíveis, o estado continuou a ter aumento no recolhimento. Temos o plano de reduzir a tributação sobre a energia e gasolina, então é possível sim (reduzir os tributos)
Tecnologia e inovação
Pela falta de investimento (no Porto Digital) temos um apagão de mão de obra na tecnologia, são profissionais que estão indo trabalhar em outros países, em outras capitais, porque aqui não temos a infraestrutura necessária para o fortalecimento desse ecossistema.
Porto de Suape
Estamos perdendo as importações locais para os portos do Ceará e da Bahia, por conta das altas tarifas. Precisamos investir para que o porto possa ser um grande gerador de emprego e renda.