Vinicius Doria e Henrique Lessa – Correio Braziliense
Enquanto o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) ainda recebe móveis e equipamentos de informática para abrigar a equipe do gabinete de transição, os rumos do futuro governo estão sendo discutidos em São Paulo, no escritório do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um hotel da capital paulista.
Ontem, ele reuniu o núcleo duro da equipe para acertar os primeiros atos do gabinete temporário, que serão as nomeações de quem vai trabalhar no CCBB. Também conversou sobre a agenda de Lula, na capital federal, e a viagem que fará ao Egito para participar da 27ª Conferência do Clima — COP27. Lula desembarca hoje à noite em Brasília para dar início a uma intensa agenda de negociações e conversas.
Está acertado que o anúncio dos primeiros membros da equipe de transição será feito pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), que estará à frente dos trabalhos do grupo que representa o governo eleito. Ontem, ele e Lula passaram boa parte do dia reunidos com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e com o ex-ministro Aloísio Mercadante, para definir os anúncios esperados para hoje.
Por sinal, Mercadante já havia sido confirmado como um dos coordenadores técnicos da transição, responsável pelo trabalho dos grupos temáticos. Gleisi será a coordenadora de relações institucionais, que abrigará o diálogo com a classe política.
O time que atuará sob o guarda-chuva de Alckmin poderá ter, também, o ex-deputado Floriano Pesaro, do PSB, que participou das reuniões de ontem, em São Paulo. Outros dois que devem integrar o grupo são o economista José Henrique Paim e a herdeira do banco Itaú, Neca Setúbal. Ele é ex-ministro da Educação do governo de Dilma Rousseff e ela educadora, e cuidariam dos debates relacionados a um setor que conhecem bem.
Propostas
O grupo sob coordenação de Mercadante irá preparar um diagnóstico da situação de cada ministério e organizará as propostas para cada área, com base no programa de governo da chapa Lula-Alckmin. Ontem, o deputado eleito Guilherme Boulos (PSol-SP) foi convidado para participar do grupo temático sobre habitação e cidades no governo de transição.
“Participarei da equipe de transição de governo para ajudar o presidente Lula no debate sobre a área de cidades e habitação”, confirmou, em suas redes sociais.
Serão criados de 28 a 32 grupos temáticos, que podem servir de base para o redesenho da Esplanada dos Ministérios, com indicação das novas pastas que Lula pretende criar logo nos primeiros dias de governo. Cada grupo temático deve ter uma coordenação colegiada, para evitar especulações sobre possíveis nomes para o primeiro escalão do futuro governo. Os grupos serão distribuídos em três eixos: economia, desenvolvimento social e defesa da democracia — com propostas para fortalecer as instituições de Estado e a transparência dos atos governamentais.
Ainda não há agenda pública do staff de Lula em Brasília, mas é esperada uma entrevista de Alckmin, na qual se espera que anuncie os primeiros nomes do governo de transição que, por lei, pode nomear até 50 integrantes. Segundo Gleisi, a esses servidores temporários se somarão até 200 voluntários, que prestarão assessoria sem remuneração do gabinete de transição.
Lula só deve desembarcar em Brasília à noite, sem compromissos formais agendados. Amanhã, a expectativa é de que o presidente eleito e seu vice visitem os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Webber. Alckmin, Hoffmann e Mercadante ainda podem ciceronear Lula em uma ida ao CCBB, que terá uma sala exclusiva para abrigar a futura primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Ela trabalhará na transição como voluntária.