Após 40 anos de trajetória política, Fernando Bezerra Coelho (MDB) realizou, nesta quarta-feira, seu último discurso enquanto senador, marcando sua despedida da vida pública. Durante sua fala, o parlamentar destacou alguns de suas ações na Casa em prol de pautas que amorteceram impactos da Covid-19 e exaltou outras iniciativas – alvos de constantes críticas – como a instauração do teto de gastos e a Reforma Trabalhista. Expoente da família Coelho, Fernando Bezerra anunciou que retornará a Petrolina com a “alma leve” e que não se apartará da política.
Eleito em 2015 para o primeiro mandato no Senado, FBC encerra a temporada na Casa com a sensação de “dever cumprido”. “Volto para minha Petrolina com a alma leve e a convicção do dever cumprido. Despeço-me da vida pública, mas não da política”, frisou FBC. “Não são necessários mandatos para o exercício da consciência cívica. Carrego comigo o sentimento maior de que a política é instrumento primeiro de transformação social e de desenvolvimento do país.”, concluiu o parlamentar mencionando o tio Nilo Coelho, ex-presidente do Congresso Nacional, com quem diz ter aprendido que o interesse público deve prevalecer as paixões políticas.
Atuação
Tendo sido líder do governo Bolsonaro de 2019 a 2021, Fernado Bezerra leva como experiência em seu currículo político o trabalho em prol à gestão bolsonarista durante a CPI da Covid-19, instaurada no Senado, em abril de 2021. Relembrando o período de calamidade, o senador afirmou que o país foi atingido pela pandemia em um momento de recuperação fiscal após a Reforma da Previdência e que o Senado não se furtou de tomar as devidas iniciativas de combate aos impactos ocasionados.
“Com senso de dever e determinação, deliberamos um conjunto de medidas para a retomada da economia”, disse. “A PEC Emergencial, que tive a satisfação de apresentar, colocou a sustentabilidade da dívida pública como ponto central da gestão fiscal, enquanto a autonomia do Banco Central afastou o risco de interferência sobre a autoridade monetária, assegurando a efetividade da política de controle da inflação”, continuou FBC, que também foi relator medidas que tinham o objetivo de diminuir os impactos da crise sobre a população mais pobre. A emenda constitucional que, além de zerar a fila de famílias atendidas pelo programa Auxílio Brasil, aumentou o valor do benefício para R$ 600,00 e dobrou o Vale Gás, é um exemplo.
“Exerci a função de líder do governo Bolsonaro privilegiando o equilíbrio e a moderação, construindo pontes e exercitando o consenso. Nos conflitos mais acirrados, trabalhei para que posições radicais não prosperassem e nunca me afastei dos valores democráticos e civilizatórios que forjam uma nação desenvolvida”.
Fernando Bezerra Coelho também aproveitou a ocasião para exaltar ações adotadas durante o governo de Michel Temer, como a aprovação da Reforma Trabalhista e o Teto de Gastos, que se apresentou como um dos principais empecilhos para o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), obter recursos para políticas assistenciais a partir de 2023.
“Ninguém ousa contestar a efetividade do teto de gastos para a transparência, o controle e a previsibilidade das despesas, embora possamos reconhecer a legitimidade das demandas no sentido do aprimoramento do arcabouço fiscal do país”, afirmou FBC durante o discurso, também tendo espaço para elogios direcionados à Reforma Trabalhista. “Embora haja espaço para críticas e aprimoramentos, esse novo arcabouço legal tem sustentado a criação de postos de trabalho no país. No trimestre encerrado em outubro deste ano, a taxa de desemprego foi de 8,3%, segundo dados do IBGE. É a oitava queda consecutiva e o menor resultado para o período em oito anos.”
Trajetória
Exaltando as quatro décadas de atuação política, o senador pernambucano também lembrou a trajetória iniciada como deputado estadual período em que teve destaque sua atuação pela defesa das obras que ampliam o acesso à água pela população de Pernambuco. Além disso, ocupou o cargo de deputado federal constituinte, foi eleito três vezes prefeito de Petrolina – reduto dos Coelho -, de 1993 a 2007.
FBC também atuou enquanto secretário de Estado em diferentes administrações e chegou a ser ministro da Integração Nacional, em 2011, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), quando construiu programa de segurança hídrica. “Redesenhamos o Projeto de Integração do Rio São Francisco. Entregamos 457 mil cisternas – o maior volume dos últimos anos. Construímos barragens, adutoras e canais”, relembra. “Como Senador da República, pude ver muitos desses empreendimentos concluídos e entregues para a população, a exemplo do Ramal do Agreste, que levará a água do São Francisco para 2,2 milhões de pernambucanos”.