27 de abril de 2024

Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

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Correio Braziliense

A Polícia Federal marcou para quarta-feira o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre os atentados golpistas registrados em Brasília no dia 8 de janeiro. A oitiva foi agendada por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga a ofensiva antidemocrática. O magistrado considerou que o depoimento do ex-chefe do Executivo é “medida indispensável ao completo esclarecimento dos fatos”.

Bolsonaro deve ser ouvido presencialmente na sede da corporação. Ele é suspeito de incitação aos ataques contra as sedes dos Três Poderes. Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), uma postagem feita pelo ex-presidente nas redes sociais, em 11 de janeiro, liga o político à invasão dos prédios públicos na capital federal. Na publicação, o ex-chefe do Executivo colocava em dúvida a segurança do sistema eleitoral, sem apresentar provas.

No dia do post, Bolsonaro estava nos Estados Unidos, país para onde ele viajou no fim de dezembro, dois meses após perder as eleições para o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Havia um pedido para ouvi-lo desde o começo do ano. No entanto, Moraes postergou a análise da solicitação por causa da ausência do político. Com o retorno de Bolsonaro ao Brasil, o magistrado seguiu com o andamento do caso.

Pressão
O subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos pediu para investigar Bolsonaro, após pressão da cúpula do Ministério Público Federal. Cerca de 80 procuradores e subprocuradores solicitaram a apuração de possível incitação à perpetração de crimes contra o Estado de direito, por causa da publicação de 11 de janeiro. A postagem foi apagada horas depois.

O Ministério Público Federal ressaltou que a publicação “parece configurar uma forma grave de incitação, dirigida a todos seus apoiadores, a crimes de dano, de tentativa de homicídio e de tentativa violenta de abolição do Estado de direito”, considerando o contexto de ataques sistemáticos feitos pelo ex-presidente ao processo eletrônico de votação.

Ao requerer que a representação criminal feita pela cúpula da Procuradoria contra Bolsonaro fosse incluída no inquérito sobre os atos golpistas, Carlos Frederico Santos apontou que é necessária a “apuração global dos atos praticados antes e depois de 8 de janeiro de 2023” pelo ex-presidente.

A investigação mira “expositores de teorias golpistas que promoveram a mobilização da massa violenta”.

Em março, quando ainda estava nos EUA, Bolsonaro acusou “pessoas da esquerda” de planejar a tentativa de golpe.

“As manifestações da direita, ao longo de quatro anos ,foram pacíficas, e não temos nada a temer. Jamais o nosso pessoal faria o que foi feito agora no dia 8 (de janeiro)”, sustentou, em entrevista à emissora norte-americana NBC. “Cada vez mais, temos certeza de que foram pessoas da esquerda que programaram aquilo tudo.”

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