Por: Tádzio Estevam
Integrantes de movimentos sociais, fóruns, redes, políticos, sindicatos, artistas e populares de Pernambuco estiveram reunidos na tarde de ontem (9) na Praça do Derby, zona Central do Recife, para protestar contra as ações terroristas praticadas por bolsonaristas no domingo (8), em Brasília (DF). Na ocasião, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), considerada uma ação terrorista e gerando uma onda nacional de indignação com movimentos de protesto semelhantes ao do Recife em vários estados brasileiros.
Durante a concentração, antes da caminhada com destino ao monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora, o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco, Paulo Rocha, o Paulinho da CUT, explicou como o ato foi construído em menos de 24 horas dos ataques terroristas. “Ontem [domingo], à noite, a Central Única dos Trabalhadores e os movimentos sociais se reuniram após às 20h para preparar esse ato que é um ato vitorioso. Isso significa o nosso repúdio àquela violência praticada em Brasília, à tentativa de instituir um Estado antidemocrático, baseado na violência, ao desrespeito aos poderes e, portanto, aos direitos da classe trabalhadora”.
Paulinho ainda explicou o motivo de ter escolhido a Praça do Derby para marcar o ato. “Nesta praça, que nós colocamos o sobrenome de Praça da Democracia, em 2016, já dizíamos à época que o golpe que estava para acontecer não era contra a ex-presidente Dilma Rousseff, mas contra a classe trabalhadora e que a gente poderia enveredar por um Estado autoritário, com perda de direitos e de políticas públicas. Acertamos tudo que dissemos há sete anos. E hoje, mais uma vez, acertamos que uma ação desastrosa como essa lá em Brasília poderia acontecer. Já estava previsto. A imprensa alternativa, inclusive, fez entrevista com golpistas dizendo o que iria acontecer”, concluiu o sindicalista.
Para o professor do curso de Direito da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) Manoel Moraes, que também coordena a Cátedra de Direitos Humanos Dom Helder Camara, os atos praticados pelos bolsonaristas preconizaram uma ruptura da ordem democrática. “Foi algo muito grave o que aconteceu em Brasília. Você atentar contra a dignidade do Supremo Tribunal Federal e dos poderes constitucionais. Mas graças a Deus, houve uma reação importante à medida que houve a retomada desses espaços trazendo de volta a normalidade da ordem institucional”, disse.
Durante as falas, os manifestantes solicitaram a prisão de todos os agentes públicos que colaboraram com as ações dos bolsonaristas, como os policiais que foram vistos tirando fotografias ao invés de conter o público, assim como a prisão dos comandantes das forças policiais do DF; a prisão e expropriação de todos os organizadores, articuladores e financiadores das ações; a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.
Sephora Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Jaboatão dos Guararapes (Sinproja), reforçou que o que aconteceu em Brasília precisa de medidas urgentes e punitivas para que outras atitudes terroristas como essa não aconteçam novamente. “A democracia tem que ser validada e a vontade do povo precisa ser respeitada. Estamos nas ruas pelo estado democrático de direito, pelo respeito às instituições brasileiras. Exigimos a investigação dos fatos e a punição de todos os culpados. Queremos respeito ao povo brasileiro que escolheu e elegeu o nosso presidente Lula”, reforçou.
O Psol Pernambuco, que esteve presente ao ato, se colocou na linha de frente na defesa da democracia e suas instituições que foram duramente atacadas ontem. Para o presidente estadual do partido, Tiago Paraíba, “o princípio da democracia é o respeito. Enquanto tivermos pessoas que não respeitem a nossa democracia, ela será frágil. São lamentáveis as cenas de ontem no STF, Congresso e Palácio do Planalto, em Brasília. Uma repetição medíocre do que houve nos Estados Unidos pós era Trump”. Tiago ainda lembrou que o silêncio do ex-presidente Bolsonaro também encorajou os seus seguidores, que têm pouco ou nenhum discernimento político.”Repudiamos, veementemente, os atos antidemocráticos e primamos pela ordem e respeito às instituições”, concluiu.