A abertura dos Jogos Olímpicos de Londres merecia uma capa especial. Começamos a pensar no conceito dela desde o fim da semana passada. Várias ideias foram surgindo, sendo discutidas e trabalhadas.

Esqueça todas elas.

O conceito escolhido surgiu apenas às 21h da quinta-feira, quando a capa já deveria estar desenhada, com as fotos selecionadas e os textos sendo escritos.

Entre a concepção e a liberação para rodar – pouco antes da meia-noite – foi necessário um árduo trabalho de praticamente todo o departamento de arte, recortando cabeças de atletas e personagens da Inglaterra que estarão na abertura da Olimpíada e incluindo na tradicional capa do disco Sgt. Pepper’s…, de 1966, dos Beatles.

Muitos devem querer a resposta de como tivemos essa ideia, não é?

Em alguns casos, capas neste perfil mais ousado e inesperado são resultado direto da inspiração de alguém. Seja dos editores da 1ª página, dos editores executivos ou da equipe da arte. Mas, desta vez, a verdade é que esta capa foi 99% transpiração. Uma espécie de evolução de uma ideia inicial que – até encontrarmos a capa do disco dos Beatles – não estava funcionando e muito menos convencendo a nós mesmos de que o caminho seria por aí.

Esta imagem ajuda a entender o ponto de partida:

 

Na verdade, as primeiras ideias que tivemos buscavam uma relação do esporte com a Família Real. Nesta linha, tínhamos duas manchetes engatilhadas: “A coroação do esporte” e “Sua Majestade, o esporte”.

Como a imagem mostra, chegamos até a esboçar uma imagem para dar vida a esta capa.

Ninguém se empolgou. De certa forma, sabíamos que aquela seria nossa opção de segurança.  Caso não surgisse nenhum outro caminho.

Então, ouvindo uma conversa entre o repórter Alexandre Barbosa e o editor do Superesportes, Marcel Tito, que discutiam a reportagem sobre a cerimônia de abertura dos Jogos, “pesquei” alguns personagens que poderiam nos levar a outro caminho, completamente diferente na capa.

Ouvi que a cerimônia teria alusões a 007, Peter Pan, Harry Potter, Beatles… ou seja, Londres preparava uma miscelânea pop para o evento. As tradições da realeza estariam lá, claro, mas o conceito era outro.

Era pop. É pop. A Olimpíada é pop.

É o único evento capaz desta espécie de mágica que une povos, bandeiras e – sobretudo – culturas.

Surgia mais uma linha para ser desenvolvida na capa do Diario. De início, também não empolgou diante da dificuldade para encontrarmos uma imagem que encaixasse de forma perfeita.

O mosaico de imagens de Londres, dos personagens e dos atletas começou a ser cogitado. Mas seria outra vez um caminho de segurança. Nada com impacto para surpreender o leitor.

Até que o também editor de 1ª página, Humberto Santos, buscando várias imagens ligadas a pop art no Google, virou a tela do seu computador para nós (eu e o editor do departamento de arte, Christiano Mascaro) e mostrou uma página com várias capas do Sgt. Pepper’s.

No primeiro olhar, os três certamente pensaram a mesma coisa.

E aqui está o resultado: