Foto: Miguel SCHINCARIOL / AFP

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Por: Estado de Minas

Embora tenha feito parte da coligação de dez partidos que apoiou a vitoriosa campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tenha representantes no governo de transição, o Psol ainda não bateu o martelo sobre compor, ou não, a base aliada ao presidente eleito. O debate vai ser travado em dezembro, quando a cúpula da legenda vai fazer uma reunião formal a respeito do tema. As tratativas vão ser orientadas, também, pela posição da Rede Sustentabilidade, sigla que forma uma federação com o Psol. Juntas, as agremiações arremataram 14 dos 513 assentos da Câmara dos Deputados.

Duas das principais pontes entre Psol e Lula, neste momento, fazem parte da transição. Campeão de votos entre os deputados federais eleitos por São Paulo e escolhido por mais de um milhão de eleitores, Guilherme Boulos vai ser voz ativa nos debates sobre cidades e habitação – tema pelo qual milita no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Juliano Medeiros, presidente do partido, integra o conselho político do presidente eleito.

“A bancada eleita ainda nem assumiu. O diretório nacional do partido só vai se reunir em dezembro, quando o debate (sobre o apoio ao governo Lula) será feito de forma tranquila e democrática”, disse Boulos, ontem, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas. “O debate sobre a relação que nossa federação terá com o governo Lula ainda não foi feito, até porque não houve nenhum tipo de convite em relação à composição ministerial, nem ao Psol nem a nenhum outro partido”, garantiu ele, que é o presidente da coalizão Psol-Rede.

Aliados de Lula têm dito que a participação na equipe transitória não significa a garantia de cargo formal no governo que assume em 1° de janeiro de 2023. A percepção foi externada, inclusive, pelo senador Randolfe Rodrigues (AP), filiado à Rede e uma das principais vozes da campanha do petista.

“O grupo de transição é, sobretudo, mais técnico, para juntar informações para subsidiar as decisões do presidente e do vice”, afirmou, três dias atrás, em Brasília (DF). “Nenhum dos nomes que constam na transição, vinculadamente, vai assumir qualquer cargo no governo futuro. Isso foi deixado claro pelo presidente (eleito), pelo vice-presidente (eleito)”, explicou, em menção, também, a Geraldo Alckmin (PSB).
Ao EM, Boulos reiterou que a prerrogativa de indicação de ministros é exclusiva de Lula. Segundo ele, neste momento, o foco do grupo que ampara Lula é corrigir distorções fiscais, garantindo políticas públicas como os repasses mensais de R$ 600 aos socioeconomicamente vulneráveis.

“A prioridade é conseguir corrigir para garantir que o orçamento de 2023 contemple um mínimo de investimentos sociais neste país. O debate de ministérios vai ser na sequência. E, ocorrendo, o Psol vai fazer a discussão com a Rede”, projetou.

Psol quer compromissos da campanha na transição

Em abril, quando Lula ainda era pré-candidato ao Palácio do Planalto e as negociações pelo apoio do Psol avançavam, o partido de Boulos entregou ao PT uma carta com 12 compromissos que deveriam ser incorporados ao plano de governo. No documento, estavam tópicos como a revogação do Teto de Gastos e da Reforma Trabalhista, bem como o enfrentamento à crise climática.

De acordo com Boulos, a agenda vai ser levada à transição. A ideia é que o Psol reforce a defesa dos pontos publicizados em abril. O deputado eleito reivindica a formulação de políticas que permitam investimentos em moradias populares, saneamento básico e infraestrutura – essa última, como mola propulsora da geração de emprego e renda.


“Precisamos fazer o investimento público acontecer em obras essenciais, em educação e em ciência e tecnologia. Isso passa naturalmente por um debate tributário, uma reforma tributária progressiva”, defendeu o futuro parlamentar, citando a possibilidade de instituição de um Imposto Sobre Grandes Fortunas, que chegou a ser defendido publicamente durante o período pré-eleitoral por outro aliado de Lula: o deputado federal André Janones (Avante-MG). 

“O presidente Lula se comprometeu, na campanha, com a isenção do Imposto de Renda das famílias que ganham até R$ 5 mil. Mas isso precisa vir junto, para equilibrar a arrecadação, com o aumento da tributação de milionários. Esse debate, da taxação de grandes fortunas, de lucros e dividendos, passa pelo Congresso”, assinalou Boulos.

No início da semana, Juliano Medeiros também defendeu a transição como espaço de afinamento das pautas a serem encampadas pelo futuro governo. “Será uma oportunidade de fortalecer uma agenda de esquerda para 2023 e compreender o tamanho dos desafios que temos diante de nós”.

Projeto do partido passa por São Paulo em 2024

Apesar do triunfo na corrida por uma cadeira no Congresso Nacional, Boulos não descarta a possibilidade de disputar, pela segunda vez, a Prefeitura de São Paulo. Dois anos atrás, ele foi ao segundo turno, mas perdeu para Bruno Covas (PSDB) — que foi vítima de câncer e deu lugar a Ricardo Nunes (MDB), eleito vice-prefeito. 

À época, o PT lançou Jilmar Tatto, mas deu apoio a Boulos no segundo turno. A construção teve, inclusive, participação importante de Lula. Fizemos acordo, compromisso público do PT nos apoiar em 2024. Então pretendo sim ser candidato a prefeito, mas antes disso vou cumprir a missão no Congresso em 2023. A expectativa, agora, é ter o apoio dos petistas desde o primeiro turno.

“Fizemos acordo, (um) compromisso público do PT nos apoiar em 2024. Então, pretendo, sim, ser candidato a prefeito, mas, antes disso, vou cumprir a missão no Congresso em 2023”, pontuou.

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