Socorro escasso

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Dombe possui apenas um pequeno hospital dentro da missão, onde está instalada a sede da Obra de Maria. A população geralmente recorre ao socorro prestado no local, semelhante a um posto de saúde da família da periferia do Recife. A unidade conta com a ajuda das freiras da Congregação Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, que tem sede em São José dos Campos, em São Paulo, além das missionárias da Obra de Maria. São três enfermeiras, uma delas faz apenas atendimento pastoral. O trabalho é desafiador, uma vez que esbarra nas dificuldades estruturais. Não existe médico. Há somente um técnico em medicina, que trabalha há três semanas.

O hospital realiza testes rápidos para o diagnóstico da Malária, doença que assola o país. A enfermidade, concentrada sobretudo na África subsaariana, mata mais de quatro mil pessoas por ano e afeta outras 400 mil, somente nessa região. Mais de dois milhões de casos foram registrados no continente africano, no primeiro trimestre deste ano, segundo a Agência de Informação de Moçambique.

O atendimento na unidade da missão é apenas ambulatorial. As irmãs enfermeiras realizam pequenas suturas e fazem curativos. Os casos mais graves são encaminhados ao Centro de Saúde no Distrito de Sussundenga, a uma hora de Dombe. No Verão, entre os meses de novembro a março, período mais complicado para a proliferação da malária, as freiras já chegaram a atender 150 pacientes por dia.

Enquanto, a reportagem do Diario estava lá, conversou com Severina Timóteo, 20, moradora do Sítio Camboco, zona rural de Dombe, que procurou socorro para seu filho, Matheus Jorge, de dois anos. O menino tinha uma febre que não cedia há dois dias. Com o filho amarrado nas costas, Severina caminhou a pé por mais de uma hora até chegar ao hospital. “Ele está com dor de barriga e quando urina chora com uma dor forte”, informou a mulher, que confessou ter consultado primeiro, um vizinho curandeiro. “A situação piora justamente por isso. Os sintomas começam, mas ficam se tratando com pessoas desabilitadas. Só nos procuram quando estão bem graves”, lamentou a irmã Mírian dos Santos, 37, da Congregação Maria Imaculada, que está na África desde novembro de 2012.

A falta de condições de atendimento mais específico obriga muitas vezes a equipe ter que fazer uma seleção dos pacientes. “A gente se sente impotente diante do quadro. Há muito o que fazer , mas a realidade é assustadora. Queríamos poder ajudar mais”, confessou a freira. Segundo Mírian, remédios antimaláricos, antibióticos, analgésicos e antigripais são os mais procurados no hospital. Além da malária e HIV, os pacientes sofrem com doenças pulmonares, diarréia, desnutrição, hanseníase e outros problemas de pele e doenças sexualmente transmissíveis.

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