Domingo é dia de descanso, mas segunda-feira tem jornal na rua. Por isso,  nas redações dos jornais o trabalho é contínuo. Funciona no esquema de plantão. No domingo passado o jornal trabalhava com duas expectativas para manchete: o jogo do Sport, que terminaria por volta das 20h15, e o assassinato e esquartejamento de uma professora pelo seu marido. Com a derrota do Leão, a hipótese de manchete foi descartada. Ficou o caso da professora. A capa que estava sendo desenhada seria mais ou menos essa:

Mas um telefonema às 21h45 mudou tudo. A redação recebeu a informação da editora assistente de Política, Andrea Pinheiro, de que o PMDB da capital, orientado por Jarbas Vasconcelos, estava reunido decidindo sobre a retirada do nome de Raul Henry para apoiar o candidato do rival histórico, Eduardo Campos, do PSB. A partir daí, a equipe de plantão, que já estava pronta para fechar a edição, teve que parar para reavaliar a situação.

Telefonemas, mobilização de repórteres da editoria de Política que estavam fora do jornal e mudanças na diagramação das páginas, principalmente da primeira. A informação teria que ser confirmada ou oficialmente ou por fontes seguras para ser manchete. Não veio a confirmação oficial do PMDB da retirada do nome de Raul Henry, mas veio a confirmação através de fontes seguras do pedido do senador Jarbas Vasconcelos. Seria o suficiente para ser manchete? Mas uma vez, a equipe de fechamento e a editoria executiva do jornal, que acompanhava tudo por telefone, confiou no bom trabalho da editoria de Política. Foi decidido que só o pedido de Jarbas, em si, era forte o suficiente para ser manchete do jornal, derrubando o caso da professora.

De casa, Andrea, a editora assistente de política, pendurada no telefone com a repórter Ana Luiza, que conseguira a informação, fazia a matéria no seu computador. A equipe de plantão acionou o industrial para ver a viabilidade de estender o deadline (prazo de fechamento). Devido à relevância do fato e com o aval da editoria executiva, o jornal resolveu assumir, mais uma vez, o risco. Por volta de meia-noite, a matéria estava na página de Últimas e a primeira página modificada. Ficou assim:

Nesta segunda-feira, veio a confirmação do PMDB. Mais uma vez acertamos na mosca. Para a terça-feira, a manchete teria que ser em cima do fato, mas não do factual, que já tínhamos antecipado. Notícia velha, não. Análise, jogar para frente, sempre, sim. Em conjunto com a arte, foi bolada a capa de amanhã. Ficou assim:

É amigos, domingo na redação definitivamente não é domingo no parque. Mas todo o estresse é esquecido com a recompensa do reconhecimento de um trabalho bem feito. Parabéns a todos os envolvidos.