A morte, é certo, não tem lugar nem hora para chegar. Mas para os jornais, principalmente os  pernambucanos, não existe pior momento para receber a notícia da morte de alguém muito famoso do que o sábado. Pior ainda quando a triste notícia chega no final da manhã.  A razão para isso é operacional. Em Pernambuco, os jornais do domingo já estão na rua no início do sábado. Para atender essa exigência do mercado e dos leitores, o jornal tem que montar uma grande operação logística envolvendo a Redação, o Comercial, o Parque Gráfico  e a Circulação.  Normalmente, fechamos duas edições para o domingo. Uma, que vai à rua já no meio do sábado, é finalizada por volta das 10h da manhã. Na verdade, ela fica praticamente toda pronta já na madrugada da sexta-feira para o sábado. Só a parte de Últimas Notícias é atualizada em cima da hora. No sábado à noite concluimos uma segunda edição, essa para os assinantes, atualizada com o que aconteceu no sábado. Incluído aí o resultado do futebol quando tem rodada.

O problema é quando uma notícia bombástica chega justamente quando a primeira edição do domingo já está na rua. Ou mesmo rodando no Parque Gráfico. Até ser atualizada na segunda edição, milhares de jornais continuarão circulando com “notícia velha”. Prejuízo na certa. Desde que estou no Diario, duas vezes testemunhei situações deste tipo. Foram nas mortes de Miguel Arraes e João Paulo II. Nas duas, apesar das circunstâncias, conseguimos fazer um bom trabalho. Claro que o jornal atrasou, mas não havia outra opção.  No caso da capa da morte do papa, idealizada pelo então editor-executivo Luís Carlos Ferrari e pelo editor de arte Christiano Maqscaro, ganhamos até prêmio internacional: o prestigiado The Best of Newspaper Design, promovido pela Society For News Design.