A capa do dia 24 de julho de 1952 do Diario de Pernambuco trazia como destaque as investigações a respeito do choque de dois aviões de bombardeio em Boa Viagem, com a morte de oito militares brasileiros. A tragédia que quase vitimava banhistas tirou o espaço para noticiar na primeira página um feito obtido, na Finlândia, por Adhemar Ferreira da Silva. Com a marca de 16,22 metros, ele conquistara a medalha de ouro no salto triplo na Olimpíada de Helsinque.

O filho de ferroviário e lavadeira  fez mais do que colocar o país no alto do pódio, posição só ocupada antes pelo atirador Guilherme Paraense na Olimpíada de Antuérpia, em 1920. Adhemar quebrou o recorde mundial quatro vezes na prova de Helsinque, feito ainda inigualado. Consta que foi dele a primeira “volta olímpica”, quando circundou toda a pista de atletismo para agradecer os aplausos que não paravam.

Na época, nada de fotos na página. O texto que fala do feito de Adhemar revela o preconceito que era mais explícito na sociedade brasileiro. O negro que triunfou tornou-se “colored”. Quatro anos depois, ele ganharia outra medalha de ouro, na mesma prova, na Olimpíada de Melbourne, na Austrália.  Melhor mesmo é ler a reportagem principal na íntegra. Imaginemos a cobertura que o Diario e os outros jornais brasileiros fariam se Adhemar estivesse em Londres-2012. Que capa faríamos? Que manchete escreveríamos?