O tráfico de seres humanos é um assunto que, nos últimos anos, sempre ganha as páginas de jornais. Agora virou tema até de novela. E novamente a mídia nacional, até por osmose, danou-se a trazer histórias de pessoas que foram enganadas com promessas de trabalho no exterior.

No dia 7 de maio de 1972, um domingo, o Diario de Pernambuco trouxe como manchete uma denúncia de impacto: tráfico de mulatas para a Alemanha! A reportagem da Agência Meridional – a agência de notícias dos Diários Associados, na época – baseava-se em denúncia de uma vedete que disse ter sido enganada por um empresário brasileiro e um agente alemão. Ela teria sido convidada a encontrar 60 mulatas dispostas a trabalhar em Berlim numa casa de espetáculos chamada Copacabana. Foi quando surgiram outras moças sem perfil de dançarinas.

O preconceito se revela no seu depoimento à polícia: “Aí comecei a desconfiar do negócio. Eram pretas retintas, descabeladas, desdentadas e sem nem a mínima pinta de artista. Vi logo que iriam para a Alemanha fazer coisa completamente diferente do que fora combinado”.  Os dois homens foram presos. E a vedete ficou mesmo na Copacabana original. Coisa de novela.