entrevista

A edição da segunda-feira do Diario de Pernambuco traz, na sua página A3, no lugar de Em Foco, uma entrevista com personagens relevantes nas mais diversas áreas. É um espaço para refletir as mudanças que acontecem na vida dos leitores, de forma clara ou mesmo imperceptíveis. A desta semana traz o pensamento do economista ambiental Jacques Ribemboim, que luta para recuperar a história e o potencial urbanístico da Boa Vista. Ele defende a necessidade urgente de retomar a vocação residencial desse “bairro-patrimônio”, uma das áreas mais importantes para a memória afetiva do Recife. O texto é da repórter de Local Rosália Vasconcelos, com edição da editora executiva Paula Losada.

O que Ribemboim fala para a Boa Vista vale também para toda a cidade. Com a palavra, o próprio entrevistado:
“Na verdade, essas ruas da Matriz, da Glória, Velha são um emblema do que está acontecendo em maiores proporções na cidade. Eu acho que a população tem que conhecer a sua cidade, o seu espaço, o seu passado, a sua memória, para criar esse vínculo. As autoridades deveriam dar o exemplo, compromisso que não se tem visto em nossas lideranças políticas ou nossas administrações. E nisso, não me refiro a nenhum prefeito em particular, mas a todos dos últimos 20 anos. Eu acredito que o jovem conhecendo a história da sua cidade é capaz de ter compromisso, de reivindicar das autoridades públicas a preservação dessas áreas. Não dá para continuar passando trator em casa velha para construir arranha-céu. Isso é coisa do passado. Você tem visto Paris, Londres, Berlim, Veneza, Milão fazerem isso no seu centro? Queremos imitar quem? Modelos equivocados? Um dos problemas mais sérios desse ‘crescimento’, desse inchaço econômico, são as chamadas externalidades negativas: quando você privatiza determinadas paisagens, gera uma perda para o resto da população. E o que a gente quer? Castelos medievais de novo, num formato moderno? Recife se transformou numa cidade de muralhas. E uma cidade decente não tem muros.