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Uma cidade habitada por dois milhões de almas que conviviam diariamente com uma fedentina insuportável pela inexistência de esgotos. Poderia ser o Recife dos dias de hoje, mas era Londres em 1854. Há 160 anos, um surto de cólera mudou a rotina e, principalmente, o futuro da capital inglesa, que passou a construir uma rede subterrânea que separasse definitivamente os dejetos da água consumida pela população.

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Graças a um médico, John Snow (na imagem acima, em foto tirada em 1857), pioneiro no uso da anestesia, descobriu-se que a transmissão do vibrião colérico se dava pela água e não pelo ar impuro, como preconizava a chamada teoria do miasma. Com a sequência de mortes em torno da Broad Street, numa escala ainda não registrada na história das epidemias, Snow desconfiou que uma bomba d’água na rua era o vetor da praga.

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Tripudiado pelos colegas cientistas, acabou encontrando no vigário local, Henry Whitehead (na imagem acima, em foto tirada em 1887), o parceiro que confirmou definitivamente a sua teoria. Antes desconfiado das ideias de Snow, Whitehead descobriu que uma moradora em frente à fonte, Sarah Lewis, despejou na fossa a água contida nos panos usados para limpar a diarreia do bebê de seis meses, a primeira vítima da doença.

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O livro O Mapa Fantasma – Como a Luta de Dois Homens Contra o Cólera Mudou o Destino de Nossas Metrópoles, do jornalista Steven Johnson, narra a luta contra o tempo para se identificar a doença. Ciência e suspense embalados em uma grande reportagem. Em dez dias, mais de 500 pessoas morreram. John Snow entrou para a história como o autor de um mapa considerado um dos primeiros infográficos do mundo, com a marcação das vítimas por casa a partir da fonte de Broad Street. Ao contrário do que se difundiu depois, ele só fez isso quando o caso já havia sido resolvido. Para uma obra de ficção, o mapa seria o instrumento perfeito para a descoberta, mas a história já é boa demais por si só.