Manchete de jornal deve permitir várias leituras. É o que ocorre na edição desta terça-feira do Diario, às vésperas da Copa do Mundo. As fotos na capa, com maior destaque para os alemães e os índios em Cabrália, refletem a cobertura do caderno Superesportes, que apresentava em duas páginas o comportamento das seleções já em solo brasileiro. Os jogadores compartilharam nas redes sociais o deslumbramento com a chegada. Isso se dá também nas seguidas quebras de protocolo, para desespero dos seguranças. Mesmo com nossas diferenças continentais e problemas estruturais, temos a tradição de receber bem, às vezes até bem demais. O título “A descoberta do Brasil” reflete este comportamento, mas também abre espaço para uma leitura de país mais de 500 depois da chegada dos europeus. É essa a imagem que queremos mostrar lá fora? O índio pacífico ou o índio que feriu a flecha um policial em Brasília, durante manifestações inclusive contra a Copa? Os estrangeiros poderão ainda descobrir o Brasil pela ótica dos protestos, que podem afetar o acesso aos locais do jogos. Na página de Em Foco desta edição, o editor de projetos especiais Vandeck Santiago defende, no seu texto, que nossa hospitalidade vai além das ideologias. Até 14 de julho, dia em que estampará o campeão da Copa, o Diario trará outras manchetes que serão lidas – ou traduzidas – por quem está aqui a passeio. Novas descobertas virão.