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Foto: Guilherme Verissimo/Esp DP/DA Press

 

Já classificada para as oitavas de final, a Costa Rica – grande surpresa desta Copa no Brasil – entra em campo às 13h desta terça-feira para enfrentar uma Inglaterra que já fez as malas. No mesmo grupo, chamado previamente da morte por reunir três campeões mundiais, Itália e Uruguai se enfrentam no mesmo horário em busca da vaga restante. Mais uma vez, a repórter do Vrum Luciana Morosini vai  dividir as atenções. Duas TVs para um mesmo coração. Por isso vale repetir o relato que ela fez, publicado no caderno Superesportes na sexta-feira, sobre vir de uma família que no Brasil tem mais duas bandeiras.

 

Medio tica, mezzo italiana

Luciana Morosini

Se para muitos presenciar um jogo de Copa do Mundo no estádio é uma sensação inexplicável, independentemente de quais seleções estão em campo, o confronto entre Costa Rica e Itália terá um gostinho especial para um pequeno grupo presente na Arena Pernambuco. Pai costa-riquenho de um lado, avô com ascendência italiana de outro, ambos como companheiros na torcida do confronto desta sexta-feira (20). “Para quem você vai torcer?” é a pergunta que ouço desde o sorteio das chaves, em dezembro. O coração estará dividido, é inevitável.
Confesso que tendo sempre a torcer pelo time mais fraco, o que seria a Costa Rica inicialmente, a equipe que já estava eliminada pela boca dos mais céticos antes mesmo de a competição começar, afinal, caiu no grupo da morte. Mas, depois do jogo da estreia, com a surpreendente vitória sobre o Uruguai, como dizer que os ticos entram sem chance alguma de vencer? Já naquela ocasião, a torcida tico-recifense, reunida em festa, vibrou como campeã. “Foi uma surpresa muito boa. Até então a Costa Rica era vista como a coitadinha, já estava eliminada, e agora é líder. Espero continuar surpreendendo contra a Itália”, diz Rodolfo, que me presenteou com o sobrenome Ramírez e o sangue costa-riquenho. Como não esperar ver de novo o pulo e o grito de alegria com a surpresa da vitória?
Mas é impossível ignorar o amor do meu avô materno pela Itália. Gaúcho e com ascendência italiana, Júlio Luiz Morosini Filho é do tipo que decora a sala do seu apartamento com uma bandeira italiana. Sempre. Foi atrás de toda documentação para que a família tivesse cidadania italiana. Não pelas facilidades que o passaporte de cor vinho traz, mas pela honra de poder dizer que somos italianos. Apaixonado por futebol, estava presente naquele triste Maracanazo, em 1950 – quando o Brasil perdeu a final justo para o Uruguai, agora coincidentemente vingado pela Costa Rica. Hoje, aos 84 anos, é a primeira vez que volta a entrar em um estádio para assistir a um jogo de Copa do Mundo. E como não torcer para que ele viva uma experiência mais feliz? “Naquela época, parecia que o mundo tinha acabado, foi uma grande tristeza. Agora espero que a Itália consiga recuperar esse bom sentimento dentro de mim, essa alegria”, disse.
Finalmente, posso dizer que, para um final feliz, torço pelo sorriso largo do meu pai e pelas lágrimas de emoção do meu avô. Com vitória ou derrota para qualquer um, independentemente do resultado em campo, acho que verei essa cena em ambos os lados hoje, com a certeza que o que nos une é justamente o Brasil.