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A notícia veio por cabo submarino, enviada de Viena em 28 de junho de 1914. No dia seguinte. o Diario informava aos seus leitores, em poucas linhas, que o herdeiro do trono da Áustria, o arquiduque Francisco Ferdinando, havia sido assassinado em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina, junto com a esposa. O atentado, executado pelo terrorista sérvio Gravilo Princip, serviu de pretexto para a Áustria atacar a Sérvia, foco de agitação na região dos Balcãs. Com o aumento dos combates entre alemães e franceses e alemães e russos, em poucos dias o jornal abriu mais espaço no noticiário para o conflito que tomava proporções continentais. Primeiro, criou uma vinheta gráfica – A Conflagração Européa – para encabeçar as pequenas informações obtidas por telegramas ou correspondências. Depois, em 17 de julho, estreava a sua segunda edição do dia, em versão vespertina. As fotos começaram a aparecer com mais frequência em agosto. As vítimas do atentado de Sarajevo saíram na capa em 5 daquele mês. Um dia antes, o jornal trazia o que seria um dos primeiros infográficos, com a descrição dos países envolvidos e suas tropas. No dia 8, uma charge mostrava a implicação do conflito para o Brasil. Era a guerra modernizando a duros golpes a imprensa no Brasil.

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No dia 1º de janeiro de 1914, o Diario de Pernambuco já vinha sendo publicado num formato menor, mas com a possibilidade, graças à moderna impressora rotoplana que substituiu a Marinoni cansada de guerra do tempo dos Figueroa e de Rosa e Silva, de utilizar mais recursos gráficos. É a época do surgimento das primeiras fotos publicadas pelo jornal. A estreia da novidade ocorreu no dia 3 de janeiro, com a publicação da imagem do abade francês Lemire. As imagens necessariamente não traduziam a informação de um grande evento, mas significavam um grande avanço para quem já estava cansado das letras dos artigos e das ilustrações dos reclames. Com o advento da primeira Guerra Mundial, a fotografia passaria a ser de extrema importância. Os leitores ficaram ávidos pelas notícias do conflito na Europa.

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E 1915, o jornal passou a ser impresso em máquinas linotipo, da empresa Lynotype Mergenthaler, constituindo-se na maior oficina gráfica existente na época nas regiões Norte e Nordeste. A velha Marinoni, utilizada na última etapa da gestão do clã Figueroa e depois por Rosa e Silva, foi definitivamente aposentada. Com o equipamento mais moderno, o Diario poderia até imprimir 30 mil exemplares por tiragem, o que permitiu fazer a experiência, no início da 1ªGuerra Mundial, de lançar uma edição vespertina, em papel verde, com os fatos mais recentes do conflito na Europa recebidos por telegrama. Ao contrário dos combates, que se prolongariam até 1918, o “Diario Verde” não vingou, mas a contratação de mais agências de notícias permitiu uma cobertura mais ampla da guerra.

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Durante o ano de 1915, o jornal já havia ficado maior aos domingos, com 12 páginas para acomodar as novas seções criadas: “Alma Religiosa”, “Vida Militar”, “Vida Escolar” e “Jornaes de Hontem”. O maior destaque ficava mesmo para o “Diario Social”, que divulgava aniversários, casamentos, falecimentos, chegada de viajantes e fundação de associações. Era o colunismo social dando as primeiras notas.

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Em relação à guerra, que já encerrava o seu segundo ano, o Diario publicava telegramas na capa e dedicou uma seção, “Em Torno da Guerra”, para apresentar análises da situação dos países envolvidos no conflito. No dia 25 de outubro, a violência dos combates entre franceses e alemães mostrava que muitos ainda iriam tombar nas trincheiras. “É innegavel quea guerra entrou num período de violencia extrema. É ao canhão que cabe o papel preliminar. É elle o desbastador do caminho. Dias e noites inteiras, a sua voz rouca e tenebrosa ribomba, sem parar, sempre vibrando das fauces escancaradas, vomitando fogo e metralha, varrendo, numa pavorosa obra de destruição”.

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Os assinantes e leitores eventuais do jornal perceberam que, em 1916 e  1917, fotografias e ilustrações passaram a aparecer com mais freqüência nas páginas do Diario. Ocupando geralmente o espaço de duas colunas, imagens com textos explicativos serviam para informar e quebrar a monotonia das letras e fios das capas. Geralmente as fotos eram de personalidades e paisagens européias, mas a produção própria também tinha seu espaço. No dia 28 de janeiro, o capitão do navio japonês Hudson Maru aceitou “gentilmente” posar para a objetiva do jornal, ao lado de um dos oficiais da embarcação, quando esta atracou no porto do Recife. “Como sabem os nossos leitores, foi esse vapor japonez que trouxe a Pernambuco os tripulantes de 5 navios ingleses e francezes, mettidos a pique nas aguas do Atlântico, por um corsário allemão”. Era a guerra chegando no nosso quintal.

Foi por causa do torpedeamento dos navios mercantes Paraná, Tijuca, Lapa e Macau por submarinos germânicos, ocorrido nas proximidades do litoral francês, a partir de abril de 1917, que o Brasil resolveu declarar guerra à Alemanha e seus aliados. A notícia foi divulgada na seção “Ultima Hora” da edição do Diario de 27 de outubro. De acordo com telegrama da W. Telegraph, no dia anterior a Câmara de Deputados e o Senado haviam aprovado e o presidente Wenceslau Brás sancionou a medida. “O ministro da marinha radiographou ao contra-almirante Francisco de Mattos, actualmente na Bahia, ordenando-lhe que faça confiscar a canhoneira allemã Eber”. Foi o primeiro ato contra os agora inimigos.

Ao receber a notícia, no dia 11 de novembro de 1918, que a guerra havia chegado ao fim na Europa, o Diario de Pernambuco içou a bandeira nacional e preparou a edição que saiu às ruas no dia seguinte, com a repercussão da paz após cinco anos de combates sangrentos. A assinatura do armistício foi motivo de festa no Recife, com desfiles pelas ruas. “O operariado da fabrica de chapeus Mercurio percorreu em passeata as ruas principais do Recife, visitando os consulados e as redacções dos jornais diarios”.

O governador Manoel Borba foi avisado, às 9h, por um telegrama enviado pelo presidente da República, Nilo Peçanha. Imediatamente ele mandou suspender o expediente nas repartições públicas. As bandas de música da Força Policial percorreram as ruas até o início da noite. Nos cinemas, as pessoas também comemoraram.

O primeiro grande conflito armado do século 20 deixou como saldo cerca de oito milhões de mortos, 20 milhões de feridos e cinco milhões de desaparecidos. Outros nove milhões de civis faleceram em consequência de massacres, epidemias e fome.