Em Foco 1609

Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar sobre os possíveis eleitos em cada estado para as assembleias legislativas e a Câmara Federal serve para colocar em evidência uma eleição que costuma ficar esquecida – a dos deputados. Todas as atenções se concentram nos cargos executivos, mas é bom prestar atenção em quem vai representar a população nas votações no parlamento. É o que destaca Vandeck Santiago no Em Foco do Diario desta terça-feira

Quem ganha para deputado?

Enquanto para governador a eleição está acirrada, para deputado federal coligação liderada pelo PSB deve fazer folgada maioria

Vandeck Santiago

A coligação que apóia a candidatura de Paulo Câmara (PSB) pode fazer de 17 a 19 deputados federais, enquanto a de Armando Monteiro Neto (PTB) elegerá de 6 a 8, segundo levantamento do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Jarbas Vasconcelos (PMDB), Fernando Ferro (PT), Daniel Coelho (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) são alguns dos nomes mais cotados para se elegerem, conforme o estudo, mas há também algumas surpresas na lista (veja quadro ao lado).
Criado há 31 anos, com sede em Brasília, o Diap é hoje uma entidade respeitada por todos os partidos e a única que acompanha passo a passo a atuação de deputados e senadores no parlamento. Há 21 anos elabora uma conceituada lista na qual todo deputado e senador quer entrar: a dos 100 parlamentares mais influentes do país.
O Diap acaba de fazer uma projeção das bancadas federais de todos os estados. Em Pernambuco são 170 candidatos, para 25 vagas. Os nomes dos candidatos com mais chances de serem eleitos foram escolhidos a partir de consulta a jornalistas, parlamentares, pesquisas eleitorais e especialistas, informa o instituto, em sua página na internet (www.diap.org.br). Levou em conta também fatores que favorecem o sucesso na disputa para federal, como ter sido prefeito de grandes centros ou estar concorrendo à reeleição.
Evidente que um trabalho desses é apenas uma estimativa que enumera os candidatos mais competitivos. Não significa que é a “lista dos eleitos” (até porque tem mais nomes que vagas…) nem que outros não citados não possam ser eleitos. É um levantamento sujeito “a imprecisões e surpresas”, como reconhece o próprio Diap, mas “trata-se de um esforço de antecipar tendência em relação à composição das bancadas partidárias, identificando os candidatos com potencial de eleição”.
Independentemente disso, o levantamento serve também para colocar em evidência uma eleição que costuma ficar esquecida – a dos deputados. Todas as atenções se concentram nos cargos executivos, o que é mais ou menos natural. Mas a importância que têm as eleições proporcionais deveria fazer com que todos nós – eleitores, imprensa, entidades da sociedade civil – prestássemos mais atenção em seu desenrolar.
Diferentemente do que diz o senso comum, deputados não servem apenas para votar e propor leis. Também podem fiscalizar os governos; defender ou opor-se a eles (sem maioria parlamentar, por exemplo, ninguém governa); pressionar para que determinadas bandeiras entrem nas agendas ou sejam efetivadas; dar ressonância e visibilidade a temas importantes para o país. A eleição deles define a distribuição do tempo na propaganda eleitoral gratuita e a participação de cada legenda no fundo partidário. E é um fator fundamental para a grandeza de um partido (o melhor exemplo é o PMDB, partido sem chances de eleger um presidente da República mas forte no parlamento, a ponto de à esquerda e à direita todos concordarem que ele é vital para assegurar a governabilidade do país).
Criticar o parlamento é fácil. Mas convém não esquecer que só vai para lá quem a gente escolhe.