Hoje cartão-postal do Recife, Boa Viagem era um deserto quando o Diario de Pernambuco começou a circular, em novembro de 1825. O jornal citou pouco o nome da localidade nas primeiras décadas de existência. Quando o fez, foi em um ocorrência policial. Em março de 1846, Antonio Felipe de Lima, que afirmou ser morador da praia, foi condenado pelo Tribunal do Júri a um mês de prisão com trabalhos forçados por ter sido detido portando uma faca de ponta.
Aos poucos, os recifenses começaram a perceber os atrativos da faixa de areia que se estendia do Pina a Boa Viagem. Antes habitado apenas por pescadores, o distrito de paz começou a abrigar, a partir da segunda metade do século 19, as primeiras casas de veraneio. A divulgação de que o banho de mar era medicinal contribuiu para a procura por um terreno perto da praia. No final do século, uma migração já tinha se iniciado para o novo bairro.
Em outubro de 1924, a abertura da Avenida Boa Viagem facilitou o acesso de todos os recifenses. Não havia mais quem veraneasse, mas morasse definitivamente no lugar. Ou quem fosse apenas passear, transportado pelos bondes que se aproveitavam da brisa do mar e da iluminação pública. A foto acima, sem crédito do autor, mostra as obras de pavimentação e duplicação da Avenida Boa Viagem em 1960, ainda com os trilhos do bonde mas com ônibus no asfalto. Os bondes sumiram, os prédios cresceram e até tubarões apareceram.