Território ocupado pelos holandeses antes de serem expulsos do Recife em 1954, o hoje bairro do Santo Amaro se resumia, no final da década de 1940, a um aglomerado de mocambos e pequenas casas ocupadas por lavadeiras, costureiras, operários da fábrica Tacaruna e pequenos funcionários da Tramways. Em dezembro de 1958, o Diario de Pernambuco publicou uma foto que mostrava ainda a aparência de arruado. A legenda da imagem dizia exatamente isso: “Aspecto de uma das ruas do bairro de Santo Amaro, vendo-se na foto, algumas mulheres lavando roupa, fazendo da via pública verdadeiro coradouro”. Local dos mais importantes cemitérios do Recife – primeiro dos ingleses e depois o de Santo Amaro – e das antenas das emissoras de TV, o bairro foi descoberto pelas construtoras no século 21. Além dos condomínios que vão verticalizar a paisagem, os moradores mais antigos também vão conviver com futuros funcionários de empresas do Porto Digital, que vai se expandir além do Bairro do Recife. A cena das roupas vai ficar no passado. Do varal à nuvem, Santo Amaro mudou para sempre.