Desde os tempos do Brasil Colônia, o Recife sempre chamou a atenção por seus sobrados altos, de dois e três andares, o pavimento térreo voltado para o comércio e escravaria, os superiores para habitação. Uma característica que, com o fim da escravidão e a chegada do século 20, passou a ser questionada como velharia. Os casarões deram lugar aos espigões envidraçados. Em 1959, esta foto do acervo do Diario mostra que os quase castelos eram tratados até como uma questão de saúde pública. É o que defende o texto colado no verso da fotografia, sem indicação de data. Nele, o repórter concorda com a ideia de pôr abaixo o que seria uma ameaça aos moradores e transeuntes.
É muito provável que o inverno deste ano arranque do lugar um punhado de mocambo plantado à beira do rio. Mas ninguém será tomado de surpresa se um desses aguaceiros arrebentar parede e jogar teto no chão dos pardieiros que ainda sobrevivem no centro da cidade. Na Rua Nova há muito deles e na Imperatriz também. Mas é sobretudo nos bairros de São José e Recife que existe casa velha, de dois e três pavimentos, que precisa ser interditada.
Na imagem, a rua larga e o contraste do edifício sem conservação e os outdoors com anúncios principalmente de bebidas. Alguém tem alguma pista? Um brinde aos edifícios que sobreviveram para contar história do Recife. Ou o que sobrou dela.