No dia 15 de outubro de 1964, dois fatos importantes disputariam a capa do Diario de Pernambuco do dia seguinte. A cobertura da queda de Nikita Kruschev do comando da União Soviética tornou-se a manchete e acabou deixando a morte de Antônio Maria, o cronista pernambucano que vivia no Rio de Janeiro, com apenas uma coluna, chamando para o noticiário de página 3.
O texto da capa já dava uma mostra da importância do homem de muitas habilidades. Além de escrever para jornais, era compositor, produtor de shows e homem da noite, onde tudo acontecia.
Na terceira página, o espanto dos amigos surpreendidos com a morte e a foto da última visita de Antônio Maria a Pernambuco, com relatos bem-humorados do jornalista sobre como deixou a mulher dormindo no hotel para ir ao mercado comprar pitomba. “Uma das coisas boas da vida é nascer no Recife, sair do Recife e retornar depois ao Recife para ver essas e muitas outras coisas”, disse. Outra pérola sua: “Sou um grande tapeador. Não sou escritor, mas escrevo, não sou compositor, mas componho”.
Na coluna, o tema morte foi muito recorrente. Parecia até que ele já sabia. As crônicas continuaram sendo publicadas por mais um mês, como forma de homenagem.