Uma rainha da beleza deu o ar da graça em Pernambuco e depois na capa do Diario. Foi no dia 14 de novembro de 1964, quando um Elektra da Varig, que trazia a bordo a Miss Universo Kiriaki Tsopei, aterrissou no Aeroporto dos Guararapes. Do turbohélice desceu a grega de 20 anos de idade, considerada a mulher mais bela do mundo naquele ano, com vestido tubinho de cor clara, coroa e faixa. Ela desfilou em carro aberto (um Cadillac cedido por um empresário) até a Praia de Boa Viagem. Com 1,70 m de altura, 91 cm de busto e 53 cm de cintura, Kiriaki trocou de roupa em um apartamento emprestado e desceu para a areia em maiô de peça única. A foto dela rindo, tocando com as mãos a quase espuma das ondas, ganhou a capa do Diario de domingo, dia 15.
Depois de nova troca de roupa – agora um traje esporte – Kiriaki rumou para o Pina, onde posou novamente para a imprensa. Às 18h, seguiu para a Malharia Imperatriz, onde “teve oportunidade de adquirir novidades para seu guarda-roupa”. Às 19h, A Miss Universo rumou para o Hotel 4 de Outubro, no bairro de São José, onde se hospedou em “apartamento de luxo”. Descansou até as 22h, quando saiu para participar de um programa de TV e à meia-noite foi levada para o Náutico, onde recebeu homenagens dos colunáveis locais e da comunidade grega.
No dia seguinte, Kiriaki embarcou para Natal e depois para o Rio de Janeiro. Deixou seus súditos pernambucanos divididos. Segundo o texto do Diario, muitos esperavam “coisa melhor”, outros a acharam mais bonita e talentosa. Quem realmente não gostou nada da Miss Universo foi o dono de uma jangada usada para poses da beldade em Boa Viagem. Ele reclamou que todos queriam “sambar” na sua embarcação recém-consertada. Outra curiosidade é que a grega foi recebida no aeroporto por Iolanda Pereira, a primeira brasileira a ser eleita Miss Universo, em 1930, que morava no Recife em 1964 como esposa do brigadeiro Homero Souto, comandante da 2ª Zona Aérea.