Uma pausa para o almoço a 256 metros de altura. Desde que 11 operários da construção do ABC Building – maior dos 19 edifícios comerciais do Rockefeller Center, complexo que ocupa uma área de 89.000 m² – posaram para esta imagem promocional, tirada em 20 de setembro de 1932, Nova York ganhou um ícone e a fotografia mundial uma lenda. A imagem em preto e branco tornou-se um símbolo de que os imigrantes, em plena depressão econômica dos anos 1930, poderiam subir de vida na terra da Estátua da Liberdade.
A lenda em torno desta foto em preto e branco cresceu ao longo das décadas. Quem fez a imagem? Quais os nomes dos intrépidos obreiros que almoçavam do 69º andar, tendo o Central Park como cenário logo abaixo? Mistérios que o documentário Men at lunch (2013), dirigido pelo irlandês Sean O’Cualain e disponível agora no Netflix, tenta responder. Pelo menos quatro dos homens foram identificados, mas a autoria da foto permanece como desconhecida depois de ter sido atribuída a Charles C. Ebbets e a Lewis Hine. A verdade é que, como os operários, muitos profissionais da imagem também se equilibraram sobre as vigas de ferro, sem nenhum equipamento de segurança, para garantir a propaganda de uma das maiores obras da engenharia norte-americana do início do século.
A foto foi publicada originalmente na edição de domingo do New York Herald Tribune no dia 2 de outubro de 1932. O negativo em vidro pertence atualmente à agência Corbis, adquirida em 1955 da Acme Newspictures. O documentário de 67 minutos perde um pouco de fôlego no final, mas tem seu mérito por ressaltar a importância do fotojornalismo para a criação de uma identidade nacional.
Esta outra imagem, registrada no mesmo dia, mostra os operários tirando uma soneca antes da volta ao trabalho. Segundo estatísticas da época, 2% dos construtores de arranha-céus morriam em serviço, uma média de um defunto por cada dez andares erguidos. Equilibrando-se nas vigas para garantir as contas em dia. Sobreviver é que é o maior heroísmo.