Nascida no dia 9 de fevereiro de 1909 em Marco de Canaveses (Portugal), Maria do Carmo Miranda da Cunha levou o nome do Brasil para o mundo. Estrela de Hollywood, artista que forjou uma imagem reconhecida até hoje, nunca escondeu suas raízes lusitanas. Cantora de marchinhas carnavalescas, sabia ser maliciosa nos seus trinados, ditando o ritmo da folia nas décadas de 1930 e 1940. No dia 20 de fevereiro de 1977, o Diario trouxe uma página inteira sobre a Pequena Notável, assinada por Severino Barbosa, mostrando a relação dela com a nossa principal festa popular.
“Carmen nascera realmente marcada pelo destino. Seu nascimento em fevereiro, mês do carnaval, era mesmo um sinal de predestinação. O carnaval brasileiro esperava por Carmen Miranda. Era uma bela morena, saltitante, sensual, maliciosa; alegre de olhos vivos e faiscantes, naquela noite de 1928, quando compareceu à festa de caridade promovida pelo Instituto Nacional de Música. Caberia ao compositor Josué de Barros descobri-la, escutá-la dando-lhe os retoques indispensáveis e burilando-a para a grande e espetacular tarefa de Rainha do Carnaval Brasileiro como a batizaria mais tarde Lamartine Babo, aquele que foi inegavelmente o rei de nosso carnaval”, pontuava Barbosa, em texto salpicado de citações de artistas que conviveram com Carmen.
É importante resgatar a importância de Carmen Miranda. Depois da monumental biografia escrita por Ruy Castro, agora é a vez dos patrícios, que sempre tiveram um pé atrás com a cantora pela sua preferência ao samba em vez do fado. A banda Real Combo Lisbonense lançou em novembro do ano passado o disco Saudade de Você – Real Combo Lisbonense às voltas com Carmen Miranda. Brasileira ou lusitana, Carmen sempre soa bem.