Nightcrawler (O abutre, 2014) só teve uma indicação ao Oscar deste ano, a de roteiro original, mas ingressa com louvor no panteão dos filmes que abordam o modo de fazer jornalismo, principalmente por desglamurizar a profissão. Em uma Los Angeles soturna (ponto para a fotografia), a história de Lou Bloom (interpretado por Jake Gyllenhaal) vai num crescendo quando ele descobre que se pode ganhar dinheiro registrando imagens de crimes e acidentes. O ladrãozinho de pequenos golpes descobre o seu talento para o telejornalismo policial, com uma câmera na mão e muitas ideias (algumas bem sórdidas) na cabeça. Vale tudo para chegar na frente dos concorrentes – e também da polícia – para ter a exclusividade, porque sangue é dinheiro.

Para atuar no filme, onde também investiu como produtor, Jake Gyllenhaal emagreceu dez quilos para dar um aspecto mais doentio ao personagem. Ponto também para a estreia na direção de Dan Gilroy, que fez sua fama em Hollywood como roteirista (a história do filme também é dele).

Para quem se interessa por jornalismo, interessante é ver como a competição pelo lado mais grotesco da vida se dá também em uma das maiores economias do mundo. E são nos programas do início da manhã que a guerra se estabelece pelos crimes da noite passada. Paga-se bem para quem consegue mostrar a cidade que todos querem evitar. Não a cidade dos anjos, mas a dos abutres.
o abutre