No dia 9 de abril de 1994, a capa do Diario apresentava 24 destaques, entre manchete, chamadas, fotos-legenda e notas dos colunistas. Entre uma fuga espetacular de presos do Aníbal Bruno – liderados por Mineirinho, aumentos de pensões e da gasolina, ampliação do Centro de Convenções e construção da ponte Gilberto Freyre, Sena acumulada em CR$ 2,5 bilhões e Todo Duro no ringue, uma “sequinha” de três linhas à esquerda e no alto da página anunciava: “Morre o líder do Nirvana”.
O quase um hai-kai se refletia na página A-6, de Últimas Notícias, onde o suicídio de Kurt Cobain foi registrado em dois parágrafos. O destaque maior foi dado à renúncia do primeiro-ministro japonês Morihiro Hosokawa, acusado de corrupção.
O pouco espaço dado ao músico de 27 anos, que se matara três dias antes com um tiro de espingarda, deveu-se ao adiantado da hora para o fechamento da edição. No dia seguinte, no entanto, o passamento do roqueiro que lançou três discos (Bleach, Nevermind e In utero) com sua banda passou em brancas nuvens no caderno de cultura. Levaria um tempo para reconhecer que o movimento grunge inauguraria uma nova era, devidamente documentada pelo Diario. Postumamente.