collage correio

Há 90 anos, o Recife entrava na rota do correio aéreo, com a inauguração do serviço postal até o Rio de Janeiro, através da Companhia Latécoére, representante da Companhia Comercial e Marítima. Vale lembrar que a Latécoére empregou o escritor Antoine de Saint-Exupéry, que publicou o clássico O pequeno príncipe antes de sumir, em 31 de julho de 1944, durante uma missão militar que partiu da ilha da Córsega. E o Recife teve participação especial nesta história toda do menino no seu planeta e o baobá.

No dia 7 de março de 1925, uma multidão se dirigiu ao campo do Pina para ver a chegada de dois aviões com a primeira e valiosa correspondência. Às 15h30, um pouco acima de uma nuvem na altura do Cabo de Santo Agostinho “anegraram no horizonte” dois pequenos pontos que eram os aviões Bréguet 149 e 307, manobrados por franceses.

O 307, comandado pelo piloto Vachet trazendo a bordo o capitão Roig, responsável pelo serviço, fez um pequeno passeio sobre o Recife e pousou sem problemas na pista do aeroclube. Já o 149, dirigido por Hamm ao lado do mecânico Gauthier, sofreu uma pane seca e acabou fazendo um pouso de emergência na Praia de Boa Viagem, a três quilômetros de distância. Apesar de ter capotado e ficado de rodas para o ar, com a hélice quebrada e as hastes que sustentavam as asas entortadas, os ocupantes nada sofreram. Todos foram recebidos e tratados como heróis. Depois da festa no Pina, os aviadores foram levados para o Hotel do Parque, onde ficaram hospedados.

A odisseia aérea do 1º correio aéreo Recife – Rio se deu em 16 horas, com três etapas: Rio – Caravelas – BA (840 km), Caravelas – Salvador (550 km) e Salvador – Recife (700 km). A velocidade média foi de 130 km/h. Da mala postal, além de documentos para o governo do estado, o Diario de Pernambuco recebeu dois maços de jornais do Rio e uma valiosa edição da Revista da Semana.
No dia seguinte, o avião 307 regressou para o Rio de Janeiro, levando 20 quilos de correspondência postal. O 149, avariado, foi desmontado e enviado de navio para a França. Pelos ares, o Recife se modernizava e ficava mais informado.