Se fosse por aqui, ele seria um cabra safado. Mas como é de lá, é mesmo um “cabrón”, nas várias acepções da palavra. O ex-policial José Luis Torrente é um fenômeno de bilheteria no seu país e alvo de uma discussão que chegou aos jornais. Aquele torcedor do Atlético de Madri, mal vestido, sujo, preconceituoso, explorador de mulheres, imigrantes ilegais e idiotas, representa os espanhóis?

A criação do diretor Santiago Segura, que também interpreta o personagem, caiu nas graças dos ibéricos. Tanto que o filme mais recente, lançado em outubro do ano passado, Torrente 5: Operación Eurovegas, já conseguiu arrecadar 7,7 milhões de euros, com 1,2 milhão de espectadores. Nestes 17 anos de aventuras, Torrente testemunhou um país que sonhou grande com o euro e que hoje está saindo de uma crise econômica. O humor politicamente incorreto e o ritmo meio mambembe das histórias não incomodam os espanhóis. Tanto que os filmes são recheados de participações especiais, principalmente de jogadores de futebol.

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Os quatro primeiros filmes de Torrente foram disponibilizados no Netflix. O primeiro, de 1998, que justamente apresenta o personagem, é o mais redondo. Mas os outros não são de descartar, principalmente se o espectador gosta de paródias escatológicas de histórias policiais.