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Há exatos 70 anos, os nazistas capitulavam oficialmente, dando fim à Segunda Guerra Mundial na Europa. Aquele 7 de maio de 1945 trouxe um alívio também em Pernambuco. Apesar de longe dos palcos de conflitos na África, na Europa e no Sudeste Asiático, o estado viveu intensamente o conflito. Em 1942, famílias alemãs foram confinadas em um terreno pertencente à família Lundgren na localidade conhecida como Chã de Estevam, no município de Araçoiaba, a 60 quilômetros do Recife. Em cerca de 20 casas, 45 germânicos – funcionários da Fábrica de Tecidos Paulista – e seus parentes passaram a viver neste local vigiado, com escolta para o trabalho, mas sem o registro de maus-tratos. O “campo de concentração” durou até o final da Segunda Guerra Mundial.

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Por sua localização geográfica, o Recife tornou-se uma base aérea e naval comandada pelos norte-americanos e a polícia de Vargas andava em busca de espiões nazistas e fascistas. Antes mesmo do Brasil declarar guerra oficialmente aos países do Eixo, em 1942 15 pessoas já haviam sido encaminhadas para a Casa de Detenção – hoje Casa da Cultura – suspeita de trabalhar para alemães, italianos e japoneses. Até uma simples carteira de cigarros era um instrumento camuflado de propaganda.

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Ao todo, 13 pernambucanos perderam a vida nos campos de batalha na Itália, integrantes da Força Expedicionária Brasileira. Formavam um grupo de 400 pracinhas do estado entre os 25.333 que cruzaram o Atlântico para participar do inferno no gelo que durou oito meses.

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Os que ficaram no Recife acompanhavam os acontecimentos pelos jornais – O Diario de Pernambuco publicava suplemento especial na época – e se submetiam aos esforços de guerra. A cota mensal de combustível era de 90 litros e os funcionários públicos passaram a ter um desconto de 3% na remuneração a título de contribuição para a guerra. A partir de 1942, Recife e Olinda passaram a ter exercícios de blecaute, quando a energia elétrica era cortada por 20 minutos para treinamento em caso de um ataque aéreo.

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No lugar das bombas, o que acontecia efetivamente era a mudança de costumes. Com a presença de militares norte-americanos no Recife, a juventude passou a ter acesso a clubes, enlatados e refrigerantes. As “garotas Coca-Cola” era um insulto aplicado pelos rapazes enciumados com os rivais estrangeiros.

Todas estas histórias estão no especial O mundo em guerra, publicado no Diario de Pernambuco em maio de 2005, por ocasião dos 60 anos do fim da Segunda Grande Guerra. Com textos e edição de Paulo Goethe e edição de arte de Christiano Mascaro, o material está disponibilizado na íntegra, dez anos depois, para marcar mais uma década do fim de um pesadelo que envolveu 72 nações, 110 milhões de militares mobilizados e causou 55,8 milhões de mortes.