Se a arte imita a vida, por que não usar elementos gráficos de um jornal na capa do disco? Esta ideia, genialmente simples, já foi aplicada centenas de vezes, com resultados que variam do genial ao bizarro, no Brasil e em outros países. Da paródia à homenagem, ou simplesmente aproveitando a oportunidade para difundir as próprias ideias em manchetes e textos, expoentes do jazz, do rock, do punk e da MPB embarcaram na criação de suas próprias primeiras páginas.
No Brasil, o exemplo mais radical é o disco Cadáver pega fogo durante o velório. lançado em 1983 e que só ganhou fama com a sua divulgação pela internet. O vinil teve problemas com a censura e as temáticas eram um tanto indigestas para os amantes do samba. As composições – a maioria de Fernando Pellon – são interpretadas por um quarteto experiente que tirava proveito das desgraceiras dignas de chamadas de jornais “espremeu-sai-sangue”. Na capa, Tárik de Souza dava o seu aval na experiência e colocava seu nome no expediente. Ainda no país, Angela RoRo e Tom Zé também brincaram com o jornalismo. Fausto Fawcett e a banda punk Lixomania trabalharam suas capas com recortes mais próximos do fanzine.
No exterior, a imprensa serviu de mote para muitas criações gráficas de capas de discos, aproveitando o tamanho dos LPs. A banda britânica Jethro Tull foi além de todos ao criar o disco Thick As A Brick (1972), com 12 páginas de um jornal que servia como invólucro para o vinil. Na lista abaixo, há exemplos da década de 1940. O mais recente é o de Lady Gaga e Tony Bennett, lançado no ano passado. Sinal de que com ideia velha ainda se faz muita coisa boa…