O Diario de Pernambuco trouxe na sua edição de hoje uma página dupla relembrando a primeira passagem, há 85 anos, do dirigível Graf Zeppelin pelo Recife. A reportagem, assinada por Paulo Trigueiro, resgata o cenário de 1930 e mostra que a capital pernambucana – pelo menos os seus governantes – não encontrou meios de explorar turisticamente este episódio. É no Recife que está de pé a única torre de atracação destas aeronaves que competiam com os aviões no transporte de pessoas por largas distâncias. Na França e na Alemanha, dirigíveis mais modernos – e muito mais seguros – continuam em atividade em pleno século 21.
Nestas oito décadas e meia, o Diario e o Zepelim sempre tiveram uma relação próxima. Na sua passagem pelo Recife, o “charuto alemão” – que fez voos regulares para a capital pernambucana entre 1930 e 1937 – sobrevoou a antiga sede do jornal, na Praça da Independência, e todos os seus detalhes foram explorados em edições a partir do dia 11 de maio de 1930. Até a chegada do dirigível, no dia 22 de maio, o Diario já apresentava a importância de o Recife ser incluído numa rota que fazia a ligação entre a Europa e os Estados Unidos.
Todos os preparativos para o recebimento do Graf Zeppelin no campo do Jiquiá foram anunciados pelo Diario. O noticiário teve início mesmo antes da partida do dirigível da Alemanha. Os detalhes do interior da aeronave, o luxo e o conforto eram destacados. Além dos textos longos, fotos e mapas ganharam destaque. O zepelim virou até objeto garoto-propaganda. No dia 22, o Diario trouxe na capa a foto dos comandantes e do construtor do veículo. No dia 23, além de todas as informações sobre o desembarque dos passageiros, visto por um público de dez mil pessoas, o Diario estampou a frente e o verso da medalha de ouro comemorativa oferecida ao comandante Hugo Eckner. No dia 25, um domingo, o Diario reportou como as foram as solenidades antes da partida do dirigível para o Rio de Janeiro no dia anterior, quando até o comércio fechou. Quem não pôde visitar o campo do Jiquiá poderia assistir a um filme, exibido no Teatro do Parque, sobre a aeronave, “uma prova da capacidade dos cineastas alemães”, destacava o jornal.
No dia 27 de maio, o dirigível voltou a figurar na capa do Diario, desta vez pela volta do Graf Zeppelin, que partiria em direção aos Estados Unidos. Pela voz dos próprios alemães, Pernambuco seria “o tronco das linhas aéreas sul-americanas”. No dia 28, o dirigível deixava o campo do Jiquiá. O hóspede aéreo deixaria de sobrevoar o Recife depois da tragédia com o Hindeburg, no dia 6 de maio de 1937, perto de Nova York.