Adaptações em foto e texto para os folhetins dos séculos anteriores, as fotonovelas fizeram muito sucesso no Brasil entre as décadas de 1950 e 1970. Produzidas por agências estrangeiras, suas histórias eram destinadas prioritariamente ao público feminino, que se encantava com as agruras e peripécias de uma heroína que, mesmo de origem humilde, conseguia encontrar o amor verdadeiro e ser feliz para sempre. Sofria muito, era verdade, mas terminava satisfeita por servir o marido e criar os muitos filhos. Isto até o movimento feminista escrever o seu próprio enredo e varrer as fotonovelas para o tapete da história.
O Diario de Pernambuco publicou fotonovelas no seu Suplemento Feminino que circulava aos domingos, em formato tabloide. As histórias eram desmembradas em capítulos, podendo durar até mais de um mês. É o caso de Última edição, que começou dia 15 de novembro de 1959 e só foi findar em 10 de janeiro de 1960. Escrita por Ker Millau [provavelmente um pseudônimo] e ambientada em Paris, conta a história de uma jovem que perdeu o pai e precisava trabalhar. Sonhando ser uma repórter, consegue um emprego como secretária no jornal Voz da Tarde. Sua boa aparência ajuda a garantir a vaga.
Josée, a heroína, enfrenta orgulhos e preconceitos por chamar a atenção de Michel Fabre, famoso repórter com fama de sedutor. Entre assédios, maledicências e alguns perigos, é óbvio que os dois acabam juntos no final, mas vale ler a história toda para se deliciar com o linguajar empolado e se espantar com o machismo que imperava na história. O pedido de casamento que encerra Última edição seria escandaloso hoje, digno da Lei Maria da Penha. Já não se fazem mais redações como antigamente. Ainda bem.