Augusto Stahl – Palácio do Governo Recife, Pernambuco, circa 1855, Instituto Moreira Sales
Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga tinha 13 anos de idade. Sua irmã, Leopoldina Teresa Francisca Carolina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, 12. Acompanhavam Dom Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina na sua visita oficial ao Recife, em 1859. Entre os dias 22 de novembro e 24 de dezembro daquele ano, a família real pernoitou no Palácio da Presidência da Província, erguido em 1843 em estilo neoclássico no ponto onde antes existia o Palácio de Friburgo, da época de Nassau. Depois da saída dos holandeses, o local recebeu outros nomes: Praça do Palácio Velho, Campo do Erário, Campo de Honra e Campo dos Mártires, por causa do enforcamento dos líderes republicanos da Revolução de 1817. Tanto o palácio quanto o terreno ao seu redor receberam o nome definitivo de Campo das Princesas já na passagem das filhas do imperador.
Luis Schlappriz – Campo das Princezas (Vista do Largo do Palácio do Recife com soldados em formação, negras vendedoras e negros em pé, 1863-1868), Biblioteca Nacional
Mais de um século e meio depois, o local não lembra em nada o descampado registrado em fotografia pelo francês Augusto Stahl em 1855. Além do palácio do governo, já estavam lá o Teatro de Santa Isabel (1850) e a Biblioteca Pública Provincial (1852). Mas aquela enorme área ainda desocupada abrigou cerca de 80 mil pernambucanos quando da chegada da comitiva real. Tudo devidamente registrado pelo Diario de Pernambuco.
Em 20 de dezembro, na sua seção Revista Diária, o jornal já citava o local como “largo das Princezas”, narrando o episódio acontecido três dias antes, com a queima de fogos de artifícios presenciada por 30 mil pessoas. Os artefatos foram colocados ao longo do rio e os festejos teriam prosseguido até 1h, sem ocorrência de desordens.
Luiz Schlappriz – Vista do Recife (Uma parte da Rua D’Aurora e Ponte de S. Isabel) tomada do Salão do Theatro de S. Isabel, c.1863 – Instituto Moreira Sales
Até 1867, o terreno onde se encontrava o Palácio da Presidência da Província e o Campo das Princesas não havia sido ajardinado. Isto somente foi efetivamente concretizado em 1872. Na década de 1930, a Praça da República ganhou projeto paisagístico de Burle Marx ladeando não apenas o palácio, mas também o Liceu de Artes e Ofícios (1880) e o Tribunal de Justiça (1930).