Pernambuco hoje já entrou na rota das grandes estrelas da música internacional. Tanto que até metade dos Beatles (Paul McCartney e Ringo Starr) já pôs os pés aqui. E a tendência é só aumentar o número de reportagens sobre os artistas e a agitação dos fãs nordestinos. Mas em 1991 o cenário era outro. Por isso que a presença de Julio Iglesias, o ídolo latino que queria aumentar suas vendagens no Brasil, mobilizou a redação do Diario de Pernambuco. Passando por processo de renovação, a cobertura ficou a cargo praticamente dos novatos.
A chegada do espanhol e seu séquito em avião particular em 16 de abril de 1991 foi acompanhada por Angélica Santa Cruz. Vale ressaltar que o astro internacional, embaixador do Unicef, já havia se encontrado com dom Helder Camara no dia 3 daquele mês e a foto dos dois no Alto da Sé estampou a primeira página dos jornais locais e até de outros países. Pois Iglesias gostou tanto de Pernambuco que resolveu voltar ao estado duas semanas depois.
Coube a mim fazer a cobertura em 17 de abril, o segundo dia de Iglesias no litoral pernambucano. A tarefa era tentar ser recebido pelo ex-goleiro no seu descanso em Porto de Galinhas. Recém-formado e ainda não contratado – naquele limbo do trabalho temporário pós-estágio – contei com a ajuda providencial de Fernando Gusmão, o fotógrafo que fazia o registro da maior parte dos eventos sociais da coluna de João Alberto. O seu conhecimento abriu as portas do hotel e eu pude contar a história do encontro de dois artistas, um estrangeiro e um pernambucano. Sim, além de Iglesias, ainda conversei com Reginaldo Rossi pela primeira vez.
A reportagem saiu em meia página, mas se fosse escrevê-la hoje precisaria de muito mais espaço. Não confundiria mais Muro Alto com “Meio Alto”. Não contei, na época, sobre os tamancos de Julio Iglesias e sua fixação em só ser fotografado mostrando um lado do rosto. Não narrei o lado fã de Rossi e sua esposa, que levou todos os vinis do cantor espanhol lançados no Brasil para ele autografar. No mais, tive acesso a profissionais sem ataques de estrelismo, uma situação impensável nos dias atuais. No mesmo dia, Iglesias tomou seu jatinho para o Chile. Eu fui de Kombi para redação. E não espero ele voltar.