Crédito: Vivacazuza.org/Divulgação

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A capa do Diario de Pernambuco de 8 de julho de 1990, um domingo, trazia apenas uma chamada curta. Na página A-24, reservada às últimas notícias, a confirmação do fim de um drama exposto publicamente de forma consciente. Exagerado? Cazuza, 33 anos e 38 quilos, deu o último suspiro às 8h30 do dia 7, há exatos 25 anos. Há cinco lutava contra as complicações provocadas pelo vírus da Aids. Deixou canções gravadas para a posteridade e uma obra que resistiu até uma próxima geração.

No Diario, o anúncio da morte de Cazuza foi espremido em uma página que já continha a coluna de Zózimo Barroso do Amaral e três anúncios, dois de empresas de viagens e um de materiais de construção. O drama do cantor que atingiu o sucesso primeiro como vocalista do Barão Vermelho foi dividido em três retrancas, com riqueza de detalhes e depoimentos dos amigos. Chama a atenção para a fala da mãe, Lucinha Araújo, que nestas duas décadas e meia lutou para manter viva a obra do filho Agenor Miranda de Araújo.

Em 1990, ser “aidético”, termo que deixou de ser utilizado, significava um condenado à morte precoce. A doença era carregada de preconceitos e os tratamentos ainda eram experimentais, com eficácia limitada. Coincidência ou propositalmente, na mesma página que informava o passamento do ídolo roqueiro constava também uma matéria sobre a votação de projeto, no Congresso Nacional, sobre processamento e transfusão de sangue e seus derivados. A autoria da proposta era de um pernambucano, o deputado federal Nilson Gibson (PMDB).