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Há exatos 40 anos, o Recife havia sido atingido por uma cheia dos rios Capibaribe e Beberibe que deixou submersos, segundo estimativa da época, 80% dos bairros. Bastaram dois dias, 17 e 18 de julho, para que 107 pessoas morressem e outras 60 mil ficassem desabrigadas.

No dia 18 de julho, quando o Recife já lutava contra a água, o Diario circulou com uma edição onde pelo menos dez páginas foram dedicadas à cobertura dos problemas causados pela enchente. Além disso, uma outra página foi destinada apenas para as fotos tiradas de avião que mostravam bairros inteiros ilhados.

Atendendo a um pedido da Comissão de Defesa Civil, as emissoras de rádio passaram a divulgar, de dez em dez minutos, boletins meteorológicos. No dia 19, o Diario registrava a declaração do governador Moura Cavalcanti, que assegurava que “a maior catástrofe que já atingiu Pernambuco neste século”.

Depois que as águas começaram a baixar, a vida no Recife voltaria ao normal até o dia 21 de julho. Às 10h, um boato de que a barragem de Tapacurá havia estourado deixou as pessoas em pânico no centro da cidade. Tudo não durou duas horas, tempo suficiente para ficar na história. As autoridades culparam os terroristas pelo boato.

“Bancos fecharam, casas comerciais cerraram suas portas e repartições públicas suspenderam o expediente, enquanto a multidão, atônita, corria pelas ruas em direção aos pontos de ônibus ou à procura de táxis. A angústia e o medo voltaram a dominar a cidade, em consequência dos boatos, logo desmentidos pelas autoridades, através de insistentes comunicados pelo rádio e TV, além de serviços volantes de alto-falante. Três pessoas morreram vítimas de descontrole cardíaco e outras 100 foram atendidas em hospitais e clínicas particulares”.