Se um escritor pode ser atemporal, um caderno especial de um jornal sobre ele também tem este mesmo direito. No dia em que se completa um ano da morte do mestre Ariano Suassuna, vale a pena reconhecer a importância de sua vida e obra primeiro pela (re)leitura das 12 páginas do suplemento Sagração de um guerreiro, publicado pelo Diario de Pernambuco no dia 15 de junho de 2007, em comemoração ao aniversário de 80 anos de idade do paraibano que fincou raízes no Recife. É um documento à altura do escritor criador de uma mitologia própria, usando o Nordeste mais profundo como tema de fundo.

Oito anos depois, o Diario voltou a publicar um caderno especial sobre Ariano, mas a homenagem viria em forma de registro póstumo. No dia 24 de julho de 2014, o Auto de Ariano apresentava, também em 12 páginas, as despedidas ao escritor a partir das características de seus personagens mais marcantes de sua vasta obra.

Realizados por equipes diferentes, de forma planejada ou no calor da hora, os dois trabalhos se complementam em relação à função de um jornal em deixar para a história os feitos dos nossos heróis com defeitos. Colaborador do Diario, a ponto de publicar, em forma de folhetim, as peripécias de Quaderna, o pai do movimento armorial nos deixou uma história de vida além daquelas que nos fizeram rir e chorar. Se ler é recordar e recordar é viver, o ciclo está completo.