Sangue guerra 6

Em 11 de agosto de 1960, os amantes do cinema souberam da novidade através do Diario de Pernambuco. Entrava em cartaz naquele dia o primeiro filme brasileiro sobre a Segunda Guerra mundial, produzido com o apoio do Exército. Apesar da manchete generosa, o jornal trazia poucas informações sobre a película, além de se enganar no nome da obra. Em vez do anunciado “Sangue sobre a neve”, o título original do filme era “Sangue, amor e neve”.

sangue amor e neve

Protagonizado por Waldir Pires (nascido em 1926 e identificado no cartaz da produção como “herói de Monte Castelo”) e Rosa Maria Balué, “Sangue, amor e neve” foi rodado em preto e branco, em 35 milímetros, e tinha 79 minutos de duração. O filme, na verdade, era uma adaptação do livro escrito pelo próprio Waldir Pires, primeiro tenente expedicionário, que escreveu 507 páginas sobre a sua experiência na Itália.

Dirigido por Jeronimo Geberlotti, “Sangue, amor e neve” foi rodado originalmente em 1958. Nos primeiros minutos, o espectador presenciava imagens originais dos nossos pracinhas em ação na Itália até que, após dez minutos de exibição, começava a ficção propriamente dita. A nota publicada no Diario de Pernambuco confessava que não havia muito a falar sobre a produção: “Nenhuma referência temos sobre suas qualidades. Sabemos que o assunto é a participação dos nossos pracinhas no front da Itália. Há cenas autênticas e outras rodadas nos estúdios. No elenco, vivendo o herói, Waldir Pires (na realidade expedicionário da FEB) e Rosa Maria Balué, ambos desconhecidos do público”.

Cinquenta e cinco anos depois, o Diario de Pernambuco voltaria a falar de um filme sobre a Segunda Guerra mundial inteiramente produzido por brasileiros. No dia 15 de março deste ano, o repórter do Viver, Fellipe Torres, produziu a matéria “O Brasil no front”, destacando as obras que faziam uma releitura da participação brasileira na guerra. Com elogios da crítica, o filme “A estrada 47”, estrelado por Daniel de Oliveira, é baseado em fatos reais. Escrito e dirigido por Vicente Ferraz, não fica nada a dever tecnicamente em relação às produções hollywoodianas. É a Segunda Guerra mundial contada pelas nossas lentes. Agora em cores.