No dia 22 de maio de 1934, o Diario de Pernambuco trouxe em sua edição um dos primeiros registros de um ataque de fúria de uma “celebridade” a um “paparazzo”, cena comum nos dias de hoje em tempos de redes sociais. Sob o título de “As aventuras de um repórter”, uma foto-legenda mostrava o general Bardi de Fourtou atracado com um fotógrafo que tentou “bater uma chapa” no momento em que ele passava. “Enquanto os dois lutam embolados na calçada, um outro fotógrafo, calmamente, colhe este curioso e ridículo instantâneo”, aponta o texto do jornal.
O militar francês estava vinculado ao “Escândalo Stavisky”, um episódio político e financeiro que resultou na queda de vários ministros e do primeiro-ministro Camille Chautemps. Procurado pela polícia por ser um dos suspeitos de um fraude nos fundos do banco Crédit Communal de Bayonne, no dia 9 de janeiro de 1934 autoridades francesas encontraram o financista Alexandre Stavisky, “o Belo Sacha”, baleado em um chalé de Chamonix. Tudo apontava para suicídio do “golpista do século”, mas a imprensa alertou que a morte de Stavisky era conveniente para muitos implicados.
Em 1974, o cineasta francês Alain Resnais produziu um filme sobre Stavisky, que foi protagonizado por Jean-Paul Belmondo. Quarenta anos depois, agora eram as estrelas de cinema os alvos preferidos dos paparazzi. “Stavisky” abordava o mundo de luxo da alta sociedade que vivia à custa de dinheiro desviado das contas públicas. Lembra algo?