No princípio, era um helicóptero. Depois, um jatinho que caiu em Santos. Então, o temor que começava a tomar conta de quem estava na redação naquela manhã de 13 de agosto de 2014, uma quarta-feira, confirmou-se. As mortes do ex-governador Eduardo Campos, do jornalista Carlos Percol e dos fotógrafos Alexandre Severo e Marcelo Lyra, além do assessor Pedro Valadares Neto e dos pilotos Geraldo da Cunha e Marcos Martins, foram sentidas de diferentes formas por quem tinha como função repassar a notícia, não tornar-se parte dela.
Neste 13 de agosto, dia que marca o primeiro ano da tragédia de Santos – por coincidência do destino, também os dez anos da morte de Miguel Arraes – o Diario fechou um ciclo publicando um caderno especial de 16 páginas apresentando a trajetória de Eduardo Campos a partir do momento em que se lançou candidato à Presidência da República até a tragédia aérea em Santos. A investigação do acidente, as histórias contadas por quem presenciou os últimos atos de Eduardo, a lembrança dos familiares dos assessores que também perderam a vida, tudo está neste material que, como documento, complementa-se ao primeiro especial publicado em 14 de agosto de 2014.
Há um ano, uma força-tarefa foi montada para dar dimensão gráfica, em textos, fotos e artes, à morte de um candidato à Presidência da República e de amigos próximos dos jornalistas do Diario de Pernambuco.A editoria de Política teve o reforço espontâneo de outras equipes, na produção de textos e também no fechamento. O resultado do trabalho foi publicado em 24 páginas na edição de 14 de agosto de 2014 do Diario. Era um material que ninguém esperava e queria publicar.
No dia 19 de agosto de 2014, uma segunda-feira, o Diario de Pernambuco voltou a publicar um novo caderno especial sobre a morte de Eduardo Campos e de seus assessores. Em dez páginas, era a cobertura do velório e do enterro que mobilizou o Recife. A concepção do material foi recontar as 19 horas entre a chegada dos corpos e o sepultamento, através das histórias das pessoas envolvidas, entre familiares, autoridades e pessoas do povo, que foram ao Palácio do Campo das Princesas ou ao cemitério de Santo Amaro participar deste momento histórico.
Um ano se passou e, mais do que a obrigação de registrar simples efemérides, o Diario voltou a ter Eduardo Campos como temas de cadernos especiais. O primeiro, publicado em 10 de agosto – dia em que completaria 50 anos de idade – teve 24 páginas e como linha editorial contar a história de vida do ex-governador que sonhava em ser presidente através de episódios emblemáticos que moldaram a sua trajetória política. Além de fotografias de álbuns de família, os depoimentos de quem viu como Eduardo se comportava desde a juventude servem como documento da formação de um líder que sonhava alcançar o que o avô, Miguel Arraes, jamais conseguiu.
Juntos, os quatro cadernos especiais sobre Eduardo Campos publicados no intervalo de um ano apresentam a leitura de um Brasil que entrou em crise, tanto econômica como política, um alerta aliás feito pelo pernambucano quando iniciou sua campanha ao Palácio do Planalto. Longe de ser unanimidade, tanto em vida quanto na morte, Eduardo Campos teve uma história que não pode ser apagada. A tarefa de um jornal, principalmente aquele que completará em novembro 190 anos de existência, é não ficar só na lembrança. É ir além.