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Que relação você tem com os livros? Qual assunto prefere queimar as pestanas, na forma tradicional de folhear as páginas de papel ou no e-reader? No gueto de Vilna, na Lituânia, durante a Segunda Guerra mundial, os judeus organizaram uma biblioteca com os volumes em frangalhos que restaram depois que foram expulsos de casa pelos nazistas. Em outubro de 1942, o bibliotecário Hermann Kruk fez um relatório que encontra-se hoje preservado em Nova York. Os 20 mil judeus sobreviventes naquela época foram responsáveis pela circulação de 100 mil livros no primeiro ano de atividade da biblioteca. E ele relatou:

“Com frequência, o leitor gosta de usar o livro como um espelho, no qual vê refletida sua situação e as condições circundantes. Analogias: observei que uma pessoa faminta lê vorazmente a respeito da fome, enquanto uma pessoa alimentada não consegue suportar esse tipo de assunto. Aqui, nas condições do gueto, em certo estrato da intelectualidade socialmente madura, o leitor de L. N. Tolstói (em todas as línguas disponíveis) – e em especial de sua obra monumental Guerra e Paz – ocupa o primeiro lugar nas preferências”.

Esta interessante observação está registrada no livro “A Conturbada História das Bibliotecas”, lançado no Brasil em 2003 pela editora Planeta. Em 240 páginas, o autor Matthew Battles, que trabalha em Londres, na Biblioteca Houghton, conta a história da criação e destruição destes espaços de leitura e conhecimento.

De Alexandria ao Tibete, passando por Sarajevo, a história da humanidade está repleta de histórias de ataques a bibliotecas. Estes lugares são alvos fáceis para os inimigos, que querem apagar o passado para recontá-lo a seu modo. O livro também trata dos métodos de catalogação, que ajudaram a organizar a busca e o acesso de um exemplar específico entre centenas de milhares de volumes.

Matthew Battles relembra outra situação que mostra a relação entre livros e humanidade: a cidade belga de Louvain, que abrigava cerca de 700 mil volumes e 300 manuscritos em 500 anos de história, teve a biblioteca destruída pelos alemães ainda na I Guerra. Depois de uma tentativa de reconstrução, o prédio foi novamente bombardeado, desta vez pelos nazistas. Muito se perdeu para sempre.

“Não importa quantos livros você tem, mas quão bons eles são” – Sêneca

“Um livro de biblioteca não é um mero artigo de consumo; ele é, acima de tudo, um capital” – Thomas Jefferson

“Tudo no mundo existe para, algum dia, terminar num livro” – Stéphane Mallarmé

“Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas” – Heinrich Heine

Em resumo, meus caros leitores deste blog: ler é estar vivo.