A Jovem Guarda comemora exatos 50 anos. Convencionou-se que o movimento musical surgiu com a estreia do programa de mesmo nome, no dia 22 de agosto de 1965, na TV Record de São Paulo, comandado por Roberto, Erasmo e Wanderléa. Colocar na telinha a garotada que amava os Beatles e os Rolling Stones foi uma alternativa rápida e barata para a suspensão da transmissão dos jogos de futebol. A cena estava mesmo fervendo. Uma semana antes, no Recife, a Ponte Duarte Coelho havia sido tomada pela juventude que promoveu um espetáculo de dança em meio aos carros. “Uma tremenda confusão”, como definiu o Diario no dia 11 de agosto daquele ano. No lugar de Jovem Guarda, o termo usado para definir a turma pernambucana dos novos gostos musicais era “os bossa-nova”.

O happening na ponte, às 18h de uma terça-feira, foi uma estratégia ousada para divulgar a Noite de Gala da Juventude, que ocorreria no Teatro de Santa Isabel no sábado, promovido pelo próprio Diario de Pernambuco. Bandas locais apresentariam os hits do momento, a começar por “Carcará”, de João do Vale E José Cândido, interpretada pelo grupo Fhenix. Entre os artistas escalados estavam Os Lordes, Os Meteoros, Jazz Samba Trio, Quarteto Zogo, além dos cantores Marcus Aguiar Jandira, Sergio Augusto, além da presença de Eliane, apresentadora da TV Tupi paulista.

“Vanos mandar brasa! Mostraremos ao público pernambucano que já sabemos fazer música moderna”, afirmava o organizador Antonio Nápoles. Na edição de 14 de agosto, o sábado, o Diario voltou a tratar da noite de gala, antecipando o repertório com versões dos Beatles e da cantora italiana Rita Pavone. “A juventude perpernambucana irá ao Teatro de Santa Isabel usando ‘blue jeans’ e calças ‘Lee’. Os cabeludos do Recife, em grupo, confirmaram a sua participação”, informava o texto.