Adriana Calcanhotto e Elza Soares estão percorrendo o país com shows baseados no seu repertório. Arrigo Barnabé já havia feito isso em 2011. Para um artista, nada melhor do que o reconhecimento ao vivo, diante das plateias, mesmo que não esteja mais para receber os cumprimentos. O gaúcho Lupicínio Rodrigues está em alta 41 anos após a sua morte, ocorrida em 27 de agosto de 1974. O expoente das dores de amores foi vítima justamente do coração, faltando um mês para completar sete décadas de existência. Sua foto, ao lado da mulher e do filho, foi publicada na capa do Diario de Pernambuco do dia seguinte. Na chamada, o destaque para as obras compostas por ele: “Felicidade”, “Nervos de aço”. “Se acaso você chegasse” e vingança”.

Na décima página, dedicada ao noticiário nacional, a morte de Lupicínio Rodrigues foi relegada ao rodapé, perdendo a manchete para as articulações políticas em tempos de ditadura. Sem foto, a matéria sobre o passamento do compositor gaúcho destacava que ele era o “rei da dor de cotovelo” e que sua intimidade havia sido revelada, por coincidência, na edição da semana da revista O Cruzeiro, pertencente aos Diários Associados. “Lupe” reclamava que a boemia estava desaparecendo. “O que existe hoje é gente trocando o dia pela noite”.

collage lupiciniox